Biografia de Laércio Marques Dias
Laércio Marques Dias nasceu em São Gonçalo no dia 23 de maio de 1943, em um sofrido outono sertanejo, região castigada pelas sucessivas secas dos anos de 1942 e 1943, que atingiram todo o Nordeste brasileiro. Laércio veio ao mundo através das mãos da parteira Dona Rosa, cujo parto fora realizado na própria casa dos pais.
Laércio era filho de Olímpio Dias Teixeira (1906-1995), destacado servidor do DNOCS em São Gonçalo, conhecido como Mestre Olímpio, e de Maria Marques Pordeus Dias (1908-1996). Sua mãe era descendente direta do vigário José Antonio Marques da Silva Guimarães, uma das figuras mais importantes da história de Sousa.
São os pais de Maria Marques: Cornélio Pordeus Rodrigues Seixas (1875-1928), filho de Firmino Pordeus Rodrigues Seixas e Auta Maria Marques Guimarães (1953-1891), que era filha do vigário José Antonio; e Amélia Marques Pordeus Seixas (1883-1976), filha de Umbelina Marques Guimarães e Luiz Antonio Marques da Silva Guimarães (1940-1894), filho do vigário José Antonio.
Importa destacar também a ascendência de Laércio com a família Pordeus, cujo parentesco é bem detalhado pelo escritor Wilson Seixas, em sua magnífica obra "Os Pordeus no Rio do Peixe".
Laércio teve uma infância prazerosa em São Gonçalo, nas décadas de 1940 e 1950, uma vez que aquelas crianças, segundo o escritor paraibano José Marques Sarmento, "foram criadas alegremente soltas no pasto verde, por entre as plantações frutíferas e silvestres, por debaixo das sombras das grandes árvores do viveiro de experimento agrícola, tomando banho de canal, de açude, na medidora, no Rio Piranhas, pulando de cima das pontes, nadando em cima de pau de bananeira, deixando a correnteza levar, pescando, armando fojo, caçando passarinho de baleeira, pegando passarinho com alçapão, criando alguns presos em gaiolas..."
Laércio era o segundo filho homem de um total de 12 irmãos, sendo 3 homens e 9 mulheres. Ele fez os seus estudos em casa, sob a rígida disciplina do seu pai, Mestre Olímpio, que era referência em educação domiciliar nas décadas de 1950 e 1960, em São Gonçalo.
Em 9 de março de 1962, aos 18 anos de idade, Laércio é contratado para trabalhar na Cooperativa de Consumo dos Servidores do DNOCS, de São Gonçalo, onde exerceu a função de Gerente administrativo durante doze anos.
Em 1964, sob as bênçãos do Padre José Mangueira, Laércio se casa com a mulher de sua vida, Maria Furtado Dias, que lhe conceberia os maiores presentes de toda sua existência: Evandro, Estanislau, Rosângela, Rosangelif e Esdras.
No início da década de 1970, devido a sua grande performance como goleiro, Laércio se torna titular do glorioso Ceres Futebol de Clube de São Gonçalo, equipe que defenderia até o final do ano de 1974.
Em janeiro de 1975, Laércio é contemplado com um lote agrícola no Núcleo II. Desse modo, a família deixa o acampamento federal de São Gonçalo e passa a residir naquele núcleo agrícola. No Núcleo II, defenderia as cores da equipe de veteranos da localidade.
Neste período, Laércio se destaca como colono agrícola e ocupa vários cargos na prestigiada CAMISG (Cooperativa Agrícola Mista dos Irrigantes de São Gonçalo), que se sobressaiu entre as 100 maiores empresas contribuintes de ICMS no Estado da Paraíba, tendo exercido até mesmo a função de gerente da entidade.
No auge de seu sucesso profissional e pessoal, a família é atingida por uma forte tragédia: no infausto dia 26 de abril de 1979, o primogênito Evandro, de apenas 14 anos de idade, é vitimado por um terrível atropelamento na BR-230, ao descer do ônibus escolar em direção ao Colégio Celso Mariz, em Sousa, ocasionado por um veículo em alta velocidade.
O fato ocasionou enorme consternação em São Gonçalo e mergulhou a família em um luto perpétuo, tornando o infortúnio o seu companheiro de todas as horas...
Mesmo assim, a vida segue e a outrora perfeita e alegre família tenta sobreviver ao seu holocausto, quase sem nenhuma base emocional ou espiritual, tendo a fé como único instrumento e sustentáculo, capaz de amenizar suas dores e reduzir seus soluços...
Após o triste episódio, Laércio faz permuta do lote e da casa com outro colono do Núcleo I, passando a morar nesta localidade. Em 1981, Laércio se junta aos amigos Zé Victor, Chico Preto, Emídio Rufino, Assilon Rufino, Titico, Romão, além de outros, funda a equipe do Esperança Futebol Clube do Núcleo I (equipe que defenderia por alguns anos) e constrói o novo campo de futebol, próximo à área central do núcleo habitacional.
Em 1986, Laércio foi destaque numa revista do DNOCS, pela expressiva produção e produtividade de arroz (7.600 kg/ha) e banana (98 toneladas em 0,90 ha) em seu lote, marcas consideradas recordes em nível de Nordeste, na época.
No ano de 1988, Laércio decide mudar de vida, se desfazendo de seu lote agrícola e da residência para tentar um recomeço com a família na cidade de João Pessoa-PB.
Anos depois, adoece, e no fatídico 2 de maio de 1999, aos 55 anos de idade, Laércio falece precocemente em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, deixando um legado de honestidade e de retidão para sua família e amigos, honrando os nomes das tradicionais famílias Marques, Seixas, Mariz e Pordeus do sertão paraibano.