Biografia do autor Eliseu Pinto
Biografia
Nasci, na Aldeia do Ciborro, concelho de Montemor-o-Novo. Desde cedo, me alcunharam de “O Gralha”; e ainda hoje, os mais antigos me referenciam dessa forma. Cresci nesse ambiente campesino; campo de experiências rudes, com miséria à mistura. Mas, com vislumbres de beleza, que recordo com saudade. – Ainda gaiato, trabalhei nas férias escolares, como alcofeiro da máquina debulhadora. Feita a 4ª classe, passei por alguns trabalhos do campo e fui pastor. Como o trabalho era escasso sazonal e mal pago fui, com os meus pais, para o Cartaxo; onde, me empregaram numa taberna. Da qual saí, bastante doente, para o hospital de Santarém; e apesar das poucas esperanças resisti e sobrevivi. – Penso que a doença, se deveu às ratazanas, que partilhavam, do pão que eu comia e pousava, em cima do banco, que tinha junto ao catre onde dormia, na adega. O certo é, que isso me custou um mês de sofrimento no hospital. Agravado, pelo facto de nem sequer ter a visita da minha mãe ao fim de semana. Pois, as cheias no Tejo, não permitiam a passagem pela ponte da Asseca. Lá me safei. E como, em casa de pobreza, não pode haver moleza, arranjaram-me novo emprego, como ajudante de fotógrafo (era mais fino). Mas, passado algum tempo voltei, com os meus pais para a terra. Porém, a vida continuava difícil e o meu pai foi trabalhar para as obras em Alverca. Após, duas semanas, foi-me buscar para junto dele. Pois, arranjou-me trabalho, como servente de pedreiro. Assim, nos meus 14 anos, morávamos os dois numa acanhada barraca de chapa e tábuas, dormindo nuns catres de taipais, apoiados em tijolos e trabalhávamos arduamente na “ pá e pica”. A bela “vivenda” situava-se junto à via férrea. E eu, chegava tão cansado à noite, que caía na tarimba adormecendo logo, sem me incomodar com a tremenda chinfrineira, dos comboios em manobras na linha. Entretanto, graças a um homem bom, que se condoeu com a minha franzina figura, a encher carros de brita e intercedeu por mim, passei a ser, porta-miras de topógrafo . Essa mesma pessoa foi determinante, no meu percurso de vida. Pois, instigou-me a matricular-me no ensino noturno. O que fiz, apesar da renitência do meu pai; mas, com o apoio da minha mãe. E assim, trabalhando e estudando à noite, concluí o Curso Geral de Comércio. Entretanto, fui apontador de obras, fiel de armazém, escriturário e por fim bancário. Nos meus momentos mais tristes e emotivos, ganhei o hábito de escrever (principalmente poesia). Mas, após ter adquirido uma viola, e tirando alguma harmonia dela, comecei a criar música e a escrever canções. Isto apesar, de não ter formação musical. Mas, é um gosto que me preenche. – Casei, tenho duas filhas e dois netos. Sou aposentado. E integro o grupo de Música Tradicional Portuguesa “ Flor de Chá”. Antes da pandemia lecionava, uma aula de viola para iniciados, na Universidade Sénior de Vila Franca de Xira. Faço parte do Grupo de Teatro Comunitário Cais 14 da SEA, tendo criado três canções que integram a peça Al Ambra; do mesmo Grupo. Além, de atividade sindical e membro de comissão de trabalhadores; no social, integrei direções de uma coletividade de cultura e desporto e de uma IPS. Também fui coralista, na SEA (Alhandra). E participava no âmbito da Associação de Cultura Palavra Cantada, na declamação de poemas para os utentes de lares. Editei um livro “Poemas do Nascente ao Poente”; cujo lançamento foi cancelado, devido à atual pandemia. Tenho colaborado em algumas colectâneas. E fiz parte da equipa da Universidade Sénior de Vila F. Xira, que venceu o Concurso Nacional de Cultura Geral da RUTIS, em 2020; e que se realizou, no Arena de Évora.