Você é o que faz, não o que falam de você

Quantas vezes você já deixou outras pessoas dizer quem você é? Na minha vida, muitas vezes me confundi, sobre quem era, quem realmente queria ser, e o que dizem que eu era.

Muitas vezes deixei que me dissessem quem era a Cynthia e me calei diante de "verdades tão absolutas". Vindo de outras pessoas. Isso não vem só de pessoas que não gostam da gente, muitas vezes aqueles que mais amamos são os que mais nos colocam rótulos.

Vou confessar algumas delas, eu nunca fui magrinha, sempre fui maior do que minhas amigas e isso nunca me incomodou. Para mim, era algo normal assim como meu cabelo e olhos serem castanhos. Eu era mas corpulenta e isso foi algo que nunca me preocupou.

Até que um dia fui visitar alguns parentes e escutei das minhas tias, que eu deveria estar comendo demais, para estar daquele tamanho. Eu pensei: eu engordei tanto assim... fiquei pensando em dizer que ser corpulenta ou gorda não me fazia uma pessoa pior. Mas não deu, estava tão constrangida que calei.

Confesso, que naquele momento senti um pouquinho de vergonha de existir, logo eu que sempre fui tão resolvida. Comentário feito, rótulo colado, comecei fazer dietas malucas, jejum, me olhava no espelho e ficava procurando algum defeito, algo que nunca fiz antes.

E mesmo quando perdi peso, não me sentia bem comigo mesma, e não era surpresa alguma com minha mente imatura de doze anos não conseguisse resolver essa questão. Eu gostava de mim, gostava do meu corpo, mas escutar uma crítica com tom pejorativo desse... Qual o propósito de umas tias olhar para sobrinha e dizer tais palavras?

Será se era incentivo para emagrecer? Mas e se eu não quisesse, se estava saudável por que deveria vestir dois números a menos?. Por causa de um "simples" comentário eu estava deixando de mim amar.

Por que as pessoas se importam tanto com o corpo das outras? Por que estamos constantemente rotulado pessoas com "Nossa, você emagreceu" ou " Como você engordou". A aparência significa tanto assim? O nosso interior não deveria prevalecer?.

Não deveríamos falar sobre o bom humor de alguém, sobre aquela garota sorridente ou o aquele homem gentil? Por que transformar o corpo em prisão?. Chegou a hora de parar, eu não poderia deixar um comentário infeliz me definisse.

Respirei fundo, olhei no espelho e disse para mim mesma: você é linda, você é incrível do jeitinho que é. E repeti isso todos os dias, até se tornar realidade novamente. E hoje já com a idade adulta vejo que essa história me ensinou mais do que ter amor próprio, também ensinou que ninguém tem o direito de dizer quem sou.

Cynthia Thayse
Enviado por Cynthia Thayse em 15/12/2020
Código do texto: T7136635
Classificação de conteúdo: seguro