Pedofilia no Xadrez

As discussões sobre os temas de machismo/assédio recorrentes dos últimos dias me deixaram triste e reflexiva. Triste por saber que tantas meninas passaram por situações absurdas, e as que têm coragem de se expor são atacadas. Reflexiva por justamente os relatos e ataques aos mesmos mostrarem ainda mais a necessidade da gente se pronunciar, da gente ser ouvida.

Eu poderia, infelizmente, citar inúmeros casos que passei e/ou presenciei de assédio, descrédito e abuso. “Piadinhas” que desmerecem nosso xadrez, comentários que nos objetificam, nos desrespeitam como pessoas. Assédio em diversos níveis e de várias pessoas, tanto moral quanto físico. Sei que muitas se identificariam, e a lista é longa. Entretanto, vou relatar unicamente, pelo maior impacto, o pior caso que vivenciei.

Aprendi a jogar xadrez aos 8 anos, através de um projeto de xadrez nas escolas. O professor da escola também dava aula em uma espécie de clube de xadrez da cidade. À primeira vista, me encantei com o xadrez. Fui convidada a frequentar esse clube e, depois de dois meses que tinha aprendido a jogar, participei do meu primeiro torneio. Era um campeonato estadual de categoria, a primeira vez que viajei para uma cidade mais longe. Fui campeã do torneio e imagino que, como toda criança, estava muito feliz com meu primeiro troféu, com essa primeira oportunidade de competir.

A partir daí, comecei a frequentar mais o clube, participar de mais torneios, e o contato meu e da minha família com esse professor (que vou chamar de X) também aumentou. Todos nós gostávamos e confiávamos muito nele. Eu estava todos os dias treinando no clube, além das aulas na escola. Nos fins de semana ele sempre estava na minha casa, já que ele tinha se tornado o velho clichê de “praticamente da família”.

Com essa aproximação, esse meu entusiasmo com o xadrez começou a ser substituído pelo medo, culpa e confusão. Como eu era muito nova, eu não sei exatamente em que momento comecei a ser assediada/abusada por X. Lembro de algumas situações que hoje vejo que não eram normais, como os abraços que ele me dava, a forma que ele sempre arrumava um jeito de encostar em mim para explicar alguma coisa, alguns “elogios”. Acredito que tenha sido um longo e gradativo processo até o primeiro toque que me assustou. Eu ainda tinha 8 anos, e lembro que estávamos nesse clube, não tinha mais ninguém. Eu estava fazendo exercícios de tática no computador, e ele começou a passar a mão nas minhas costas, dentro da minha blusa. Eu não conseguiria descrever o que senti. Era uma mistura de vários sentimentos de incômodo, nojo, vergonha e medo. Eu sentia algo ruim, algo errado. Mas eu não entendia. Era confuso e assustador demais para eu conseguir lidar com isso, contar sobre isso. Para mim ele não estava fazendo algo ruim de propósito, era algo da minha cabeça.

Sem conseguir reagir e nem falar sobre, a convivência com X continuou a mesma. A segunda situação que lembro que foi marcante foi em um episódio, nas mesmas condições do anterior, que ele me disse para fechar os olhos. Eu fechei. Ele me deu um selinho. Eu comecei a chorar na mesma hora, chorei muito. Senti as mesmas coisas que da outra vez, mas num nível maior. Isso porque, embora ainda muito inocente, para mim parecia mais estranho ainda o que tinha acabado de acontecer, porque isso era algo que eu via em novelas, com casais (ambos adultos, obviamente). Ele, assustado com minha reação, começou com o primeiro discurso que me recordo dos vários discursos manipuladores que ele fez ao longo dos anos. Me disse que se chamava selinho (até então eu ainda não conhecia a palavra), que era algo cultural, visto como sinal de carinho entre amigos, e que nós éramos muito amigos. Eu continuei perdida nos meus pensamentos, e a culpa foi aumentando. O sentimento de parecer errado persistia, mas eu achava que era “maldade” da minha cabeça.

Ao longo do tempo os abusos continuaram e foram se tornando cada vez mais graves. Da mesma forma, foi crescendo o abuso psicológico também. Ele começou a dizer que gostava de mim, que era tudo para o meu bem. Que ninguém nunca gostaria de mim como ele, e que ele era o único homem que prestava (irônico, para dizer o mínimo)... Também me fez acreditar que ninguém poderia saber, porque as pessoas não entenderiam. Era como se ele tentasse me convencer de que estava me fazendo um favor, já que ele, o único homem que prestava, me dava “atenção”, que eu nem merecia. Como se ele fosse uma pessoa tão boa, que era o único capaz de "amar" uma pessoa ruim e "impura", como eu. E, obviamente o clássico, que a culpa era minha. E eu acreditava, em tudo. Não sentia raiva dele (apenas em episódios pontuais), sentia raiva era de mim mesma por achar que tinha permitido que as coisas chegassem àquele ponto.

Além desses atos criminosos, eu também era pressionada em vários outros aspectos. Psicologicamente, fisicamente. Já fui agredida. Já ouvi coisas humilhantes na frente de outras crianças. Lembro de situações, principalmente em competições, em que X me obrigou a comer/beber coisas que eu não gostava e não queria. Me fazia algumas vezes tomar um remédio. Era um comprimido grande, ele dizia que era para o meu bem, mas não tenho certeza sobre o que era. Tinha ânsia de vômito em ambos os casos. Nos torneios eu era uma criança que não enturmava com outras. Era extremamente quieta e não esboçava reações nem em partidas, nem com resultados. Estava sempre extremamente nervosa, embora não demonstrasse isso.

Parecia cada vez mais impossível sair da situação, os sentimentos de culpa e vergonha que eu sentia só aumentavam. Eu ficava cada vez mais tímida, mais fechada… Minha família não percebeu, mas eu entendo, ninguém espera algo assim para um filho, muito menos de alguém tão próximo, “amigo”, “confiável”... Algumas outras pessoas acredito que chegaram a desconfiar, mas nunca ninguém fez nada.

A primeira vez que ouvi falar sobre pedofilia foi um ano depois, aos 9, na escola. Lembro que foi um homem na sala de aula falar que ninguém podia encostar na gente, mas já era tarde. Já tinha se tornado uma bola de neve. E, como observação, gostaria de ressaltar a importância da educação sexual nas famílias, nas escolas, de ensinar as crianças a se conhecerem e a identificar abusos. Por experiência própria, uma orientação/conversa anteriormente poderiam ter evitado tanta coisa na minha vida…

Nesse mesmo ano, viajei pela primeira vez para um torneio de mais de um dia com ele, sem a presença dos meus pais. Tinham outras crianças da minha cidade e alguns responsáveis por elas também. Foi o primeiro campeonato brasileiro que ganhei, mas as lembranças que guardo são as piores possíveis. Tem uma memória especificamente que é uma das que mais me perturba atualmente. Lembro que em um certo momento ele estava no quarto do hotel em que eu estava hospedada, sem mais ninguém lá. Eu precisava tomar banho, a porta não tinha tranca. Confirmei várias vezes se ele não precisava ir ao banheiro, e ele negou. Fui tomar banho com a sensação de maior vulnerabilidade que já senti na minha vida. Eu estava sozinha. Prefiro não ser explícita sobre os abusos que aconteceram nesse dia e também nos dias, meses e anos seguintes... Mas as lembranças deles ainda me assombram.

Sobre as violências físicas/sexuais, de forma geral, só relato que foram pesadas, horríveis… Eu chorar e/ou pedir para parar obviamente nunca impediram que ele fizesse nada do que ele queria. Esse ciclo de violência só se encerrou após alguns anos, quando ele se mudou para outra cidade. Eu já não treinava mais xadrez, não tinha vontade de jogar. Por anos fiquei mais afastada, jogava apenas alguns campeonatos pontuais sem nenhum preparo, como campeonatos escolares, estaduais, brasileiros. Mesmo com os títulos, a alegria de jogar e competir já não existia mais.

Só fui começar a entender de fato a gravidade do que tinha acontecido quando era mais velha, com uns 16/17 anos. Entretanto, ainda com uma visão distorcida e manipulada, que me faziam acreditar que eu era culpada, uma pessoa ruim. Eu sentia que era uma pessoa “suja”, nunca tinha nem usado um short na minha vida porque me sentia exposta, e esse sentimento me causava medo. Os traumas que eu guardava começaram a me aterrorizar de forma mais clara. Tive depressão, pensava constantemente em encontrar alguma forma de acabar com a minha vida.

Aos 18 anos, me mudei para fazer faculdade. Nessa nova fase, em uma cidade maior, com mais oportunidades, senti vontade de jogar xadrez pela primeira vez em muito tempo. Acreditava que não encontraria X, pois achava que ele estava morando longe. Além disso, como eu estava em um estado que não conhecia ninguém, pensei ter reencontrado no xadrez uma forma de me distrair, de conhecer pessoas, fazer amizades.

Joguei um primeiro torneio depois de um tempo parada e me chamaram para participar de uma competição por equipes, que nunca tinha jogado. Era em uma época que eu não teria aulas da faculdade, e parecia uma oportunidade legal. Aceitei jogar pela cidade, e, embora receosa, acreditava serem baixas as chances de reencontrar X.

Fui para o torneio. Ao chegar no alojamento, fiquei em pânico ao ver o lugar de tomar banho, por ser aberto, sem trancas, “inseguro”. Eu obviamente imaginava como seria, mas na hora minha reação foi muito pior do que eu esperava. Um medo que eu não entendia tomou conta de mim, porque só me vinham lembranças daquele campeonato brasileiro na cabeça. Eu sabia que não era algo racional, o alojamento inclusive era só feminino. Ninguém ia me fazer mal, mas esse sentimento de uma vulnerabilidade assustadora era gigantesco. Senti isso em diversos momentos da vida. Não é “apenas” vergonha, é pavor.

No primeiro dia de competição, minutos antes da primeira rodada, vi X entrando no salão de jogos. Fiquei desnorteada. Comecei a chorar e, ao ser questionada por duas meninas da equipe sobre o que tinha acontecido, contei sobre a situação, de forma superficial. Foi a primeira vez que contei para alguém. Fui jogar completamente desestabilizada, mas me sentia mais “segura” ao lado das meninas na mesa que não jogando a partida.

Outras pessoas da minha equipe e pessoas da equipe de X ouviram falar sobre. Uma terceira mulher da minha equipe, ao saber, veio me falar que ninguém estava acreditando na minha “historinha”. Que as pessoas conheciam X, não me conheciam. Que se fosse verdade eu teria denunciado. Que eu tinha idade na época para saber o que estava fazendo. Que acreditavam que eu estava inventando essa história porque era apaixonada por ele. Entre outras coisas...

Eu não saberia classificar o que foi mais doloroso de escutar. Estes foram os primeiros, de vários outros comentários ao decorrer do tempo, sobre o assunto, que me machucaram. Foi difícil, para dizer o mínimo, jogar no mesmo ambiente que ele, principalmente com os olhares de julgamento que sentia de algumas das pessoas de ambas as equipes, pelos comentários que tinha ouvido.

A experiência do torneio foi horrível, obviamente. Quando voltei da viagem fiquei muitos dias sem sair de casa. Não fui mais para a faculdade naquele período, não tinha vontade de fazer nada, só de chorar. Eu não estava preparada para ver X, mas eu estava menos ainda preparada para o julgamento e o descrédito que recebi. Até então eu lidava apenas com a própria culpa que eu sentia, meu próprio julgamento. A realidade que as mulheres vítimas de abuso enfrentam quando decidem falar é pesada de uma forma indescritível.

Alguns meses depois, pensei pela primeira vez em tentar denunciar o crime. Fui em uma delegacia, relatei o que tinha acontecido. Me disseram que era um processo muito difícil, pouco provável de dar certo, que eu tinha que ter certeza disso, porque não tinha volta. Como eu ainda não me sentia preparada psicologicamente para uma exposição maior, acabei desistindo momentaneamente.

Depois disso, busquei ajuda. Eu não conseguia mais lidar com tudo sozinha, e sentia que precisava de alguma forma resolver a situação. Sempre me deixava mal pensar que X poderia estar fazendo com outras crianças o que fez comigo. Além disso, também sentia precisar de alguma forma conseguir fazer algo que encerrasse esse capítulo da minha vida, por ainda me sentir presa no passado.

Nesse tempo, acabei reencontrando X outras vezes. Já tive que jogar com X em um torneio. Eu senti uma repulsa enorme de encostar nas peças que ele encostava, aquele sentimento que eu tinha de estar suja se faziam presentes de novo, mesmo que eu não entendesse isso racionalmente, só sentisse. Vi X seguindo a vida normalmente enquanto permanecia o sentimento da minha estar estagnada há anos. Vi pessoas que considero tanto e sabem do ocorrido tratando X com naturalidade, parabenizando pela vitória de algum torneio. As pessoas se revoltam com esses crimes hediondos quando acontecem longe, quando estão totalmente alheios, como no caso recente da criança de 10 anos que engravidou vítima de estupro. Em situações assim são frequentes os comentários indignados das pessoas. Infelizmente isso está restrito a esses casos. Na realidade, quando é alguém conhecido, as pessoas não acreditam, ou tentam justificar e amenizar o caso.

Recentemente, com ajuda de tratamento psicológico, me senti pronta para passar pelo processo judicial da denúncia. Finalmente entendi que a culpa não é minha. Eu era criança, não tinha capacidade nem para impedir nem para saber lidar com isso. E é exatamente por isso que é caracterizado por estupro de vulnerável. Crianças são vulneráveis, em todos os sentidos.

Infelizmente, quando voltei à delegacia, não consegui nem fazer um boletim de ocorrência. Ouvi que não era dessa forma que eu encontraria paz, que não daria em nada, que eu nunca vou conseguir provar. Ouvi que eu deveria arrumar um namorado. Denunciar era a forma que eu achava que tivesse encontrado tanto para buscar justiça, quanto para evitar crimes futuros de X, quanto para que eu me sentisse finalmente “livre”, dentro do possível, desse fardo que me prende ao passado. Eu sei que os traumas são para sempre, mas eu estava buscando uma forma de tentar virar a página.

Hoje me vejo novamente sem saber como prosseguir. Eu sei que não vou descansar enquanto não fizer algo sobre. Fui impedida de denunciar, e não posso nem expor X, nem alertar pessoas próximas a ele, porque posso ter problemas judiciais (a história da nadadora olímpica Joanna Maranhão retrata exatamente isso). Enquanto isso, X está por aí, vivendo tranquilamente, jogando xadrez, dando aulas, e, por mais que me doa pensar isso, provavelmente fazendo outras vítimas.

Até hoje sinto repulsa de qualquer coisa que me lembre X, como o cheiro do creme Nívea que ele usava; a música "Instinto Animal", que era seu toque de celular; as memórias de algumas frases que ele me falava muito, como "Olha pro meu olho quando eu tiver falando com você". Até hoje sinto desconforto por usar roupas que fazem eu me sentir exposta e, consequentemente, “vulnerável”, como roupa de praia. Até hoje sinto extrema dificuldade de confiar nas pessoas. Sinto medo/repulsa quando me tocam. Minha autoestima permanece destruída, assim como X sempre se esforçou para deixar. Me sinto um fardo para as pessoas, e alguém insuficiente, impossível de ser amada. Ainda tenho dificuldade de me posicionar e falar não para o que me deixa desconfortável, já que cresci acreditando que deveria aceitar o que fizessem comigo. Continuo muito tímida, o que não era antes disso tudo acontecer. Sinto que não sou a pessoa que deveria ser, mas nunca saberei quem eu seria se não tivesse passado por tudo que passei.

Também tenho sentimentos controversos com relação ao xadrez. Para mim, involuntariamente, meu amor pelo esporte entra em conflito com meus traumas. Acabo constantemente associando xadrez a algo negativo. Nunca mais fiz aulas nem treinei sozinha. Sinto um nervosismo extremo em competições, porque era muito pressionada também antigamente por X. Às vezes sinto mais vontade de jogar em algumas épocas, participo de alguns torneios amistosos, mas a linha para um gatilho é muito tênue. Posso estar feliz jogando uma partida, e vai tudo por água abaixo só de ouvir o nome de X. Posso estar animada para jogar um torneio em que me inscrevi, mas isso se transforma em desespero ao constatar que X também se inscreveu. Penso em vários períodos em me afastar completamente de tudo que envolve xadrez, mas é tão injusto… X que deveria estar afastado, deveria estar preso, para ser mais precisa. Eu amo o xadrez, mas eu odeio todas as lembranças e gatilhos que o meio me trazem.

Este relato é só um exemplo de que não é simples denunciar, não é simples falar. Superar muito menos. Não sei contar quantas vezes ouvi que preciso superar, inclusive na delegacia. Eu sei, é o que eu mais queria, mas não tem uma “mágica” para esquecer. E, para as tentativas absurdas que usam para justificar crimes hediondos como esse, vou responder duas das coisas que mais ouço em casos de abusos:

“Por que não falou/denunciou?”

Se pessoas adultas não sabem lidar com isso, imaginem crianças. A gente fica perdida, não sabe reagir. Denunciar envolve processos gigantescos de exposição e abalo psicológico, e podem muitas vezes não resultar em nada. Inclusive, isso acontece até em casos famosos (como o de Mariana Ferrer, que foi extremamente humilhada em sua audiência). É um crime que muitas vezes não deixa marcas, testemunhas. Quando acontece com criança é mais difícil ainda. Até ela ter idade para entender, as provas, caso houvessem em algum momento, não existem mais. Além disso, podem ser encontrados alguns impeditivos no próprio sistema, como eu mesma constatei ao não conseguir fazer um boletim de ocorrência.

“A menina não provocou de alguma forma? Que roupa estava vestindo?”

Dispensa muitos comentários de tão absurdo… Vestimenta nenhuma, nem lugar, horário, embriaguez, justificam qualquer coisa. Não é não. Se a pessoa não tem idade ou condições mentais, físicas ou momentâneas para dizer o não, também é não. E, no meu caso especificamente, eu não consigo entender como meus moletons rosa de ursinhos possam ter sido provocativos.

No xadrez, assim como em outros meios, existem inúmeros casos de assédio, de abuso. É difícil de falar e é mais difícil ainda ser julgada por isso. Escutem as meninas, sejam apoio em vez de serem apedrejadores. Ninguém pode julgar/medir a dor do outro. Ajudem a construir um ambiente menos hostil para as meninas de agora e das gerações futuras. Dá para começar por coisas simples. Repreendam “piadinhas” machistas, falas que objetificam as mulheres, adultos com interesse em meninas menores de idade. É clichê, porém ainda é necessário, infelizmente, dizer que merecemos e precisamos de respeito e segurança.

No mais, caso X leia isso em algum momento, sei que você sabe quem sou e que estou falando de você. Estupro de vulnerável é crime. Você sabe disso. E você sabe que você é um pedófilo. E hoje eu sei que a culpa é toda sua. É horrível ter passado por tudo que você me fez passar, mas prefiro muito mais estar na minha pele que na sua. Eu pelo menos posso dormir com a consciência tranquila todas as noites (se é que você tem alguma), de saber que não sou eu que estraguei a vida de crianças inocentes. As pessoas dizem que a justiça tarda mas não falha. Eu já não acredito mais, mas espero que você acredite e seja prova disso. Não desejo seu mal nem quero vingança, apenas que você pague pelo crime que cometeu, já que você também me condenou a pagar por ele. E a minha prisão, pelo seu crime, é perpétua.

Anônima X
Enviado por Anônima X em 11/12/2020
Reeditado em 17/01/2021
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