O que eu estou fazendo no romantismo?
O papel da mulher no romantismo, é não ter papel.
As mulheres eram simples figuras idealizadas pelos homens. Na primeira fase do romantismo, éramos consideradas intocáveis e perfeitas. Nas poesias de José de Alencar as mulheres eram alvas de amores puros sem nenhuma sensualidade. Na segunda geração, existia um desejo sexual bem explícito, como nas obras de Castro Alves. Essa fase busca, contudo, a consumação do amor carnal. Em suma, a ótica sobre a mulher passou por diversas fases, mas nenhuma fase em que a mulher é vista como ser humano, longe de ser perfeita e longe de ser apenas damas para desejos carnais.
Entre todos os impedimentos possíveis para a mulher afastar-se da caneta e do papel, tivemos mulheres vencedoras e destemidas. Um exemplo disso, é Ágatha Cristie: a maior escritora de romances policiais de todos os tempos; Nora Robert: a primeira mulher a entrar na galeria da fama dos escritores românticos do Estados Unidos. No Brasil, Clarice Lispector é o maior nome feminino a representar-nos: inaugurou a prosa introspectiva no Brasil, domina o tempo psicológico da escrita com uma leveza e sentimentos explícitos.
Das gerações românticas para os dias atuais, muito o que se modificou da mulher no romantismo.
Em meus textos, a mulher mostra-se intensamente ligada ás suas paixões.
Não devemos possuir o medo de falar a quem nós amamos, que amamos. As palavras são como estrelas, e nós temos todas elas em nossas mãos. Porém, antes de colocá-las na escrita, elas devem derivar-se do coração. Assim, a intensidade torna-se explícita.
Não importa se o ultra-romantismo está passado no tempo literário, não importa se nas gerações românticas os homens caracterizavam-nos todas em um padrão.
Não, não vim aqui para ser padrão de ninguém. Muito menos da literatura.
Não faço promessas infinitas, pois não sou infinita.
Pergunto se continuarás me amando mesmo eu não pertencendo mais à você,e isso mostra-me inteiramente dona de mim.
Mostro-te uma apaixonada mulher, mas nunca uma mulher apaixonada porque afinal, tudo passa.
Assumo meus erros, e essa é a minha verdade.
Em tudo o que escrevo, as linhas tem o poder de vivenciar um romance real no século da sacanagem.
Luto para que todas as mulheres tenham o direito de escrever sobre suas paixões e seus erros sem nenhuma vergonha pelo fato de sermos mulheres.
É por todas as mulheres idealizadas de forma ilusória,
E é por todas as apaixonadas que dedico
-não apenas meus textos-
Mas toda a minha vida literária no século vinte e um.
Atenciosamente, Milena da Vera Cruz.