Myriam Jubilot de Carvalho - Detalhes da Auto-Biografia (2)
Maria de Fátima Oliveira Domingues é o meu nome civil.
Nasci em Tavira, em 1944, numa Segunda-feira de Carnaval. Sou Peixes.
Licenciei-me em Filologia Românica; dediquei a minha vida profissional ao Ensino, no 2º Ciclo do Ensino Básico, onde comecei por ser professora de Francês e depois, quando esta Língua perdeu o seu lugar prestigiado a favor do Inglês, passei a ser colocada como professora de Português.
Enquanto profissional do ensino, desempenhei todo o tipo de funções facultadas aos professores no tempo em que estive ao activo – tendo sido a orientação de estágios pedagógicos a experiência profissional que mais me atraiu.
Como pedagoga, cultivei nos alunos o gosto pela leitura e pelo diálogo, promovendo o desenvolvendo do seu espírito crítico, e estético, através da prática da leitura inteligente, da escrita criativa (prosa e poesia), da dramatização, a par do desenvolvimento do sentido de responsabilidade e de justiça tanto como seres individuais como elementos do colectivo – e isto sem cair em moralismos fáceis ou lugares comuns normativos. Embora nunca tenha praticado a metodologia Freinet, foi muito sob a sua inspiração, e a de Neil – que muitos consideram incompatíveis – que trabalhei. De modo geral, entendia-me bem com os alunos rebeldes e os desinteressados, conseguindo conquistar a sua simpatia e confiança através de uma auto-descoberta das suas próprias capacidades e do incentivo a que as desenvolvessem, daí decorrendo, muitas vezes, a recuperação de uma auto-imagem positiva, dado fundamental que muito contribuía para a sua reabilitação como seres humanos e como estudantes.
Em colaboração com um grupo de colegas, foi lançado um projecto pedagógico junto de jovens pré-marginais, numa zona degradada nos arredores da cidade onde vivo, mas mais por razões de época que outras, este projecto não conseguiu ir adiante.
Ensinei Português e Cultura Portuguesa na República da África do Sul durante pouco tempo, mas também esta experiência foi de grande enriquecimento para mim.
Aparentemente, os dados que acabo de referir pouco terão a ver com vida literária. Mas têm sem dúvida a ver com Poesia no mais amplo sentido que este conceito possa abranger. Orgulho-me de ter vivido a minha vida profissional com a dedicação com que o fiz, pois pus de tal modo a Arte com que Deus, ou o Universo, me dotou ao serviço das crianças que se cruzaram na minha vida, que sinto reconforto em pensar que esses anos de vida profissional, do ponto de vista emocional, afectivo e humano, não foram de modo algum tempo perdido.
Quando finalmente me encontrei bafejada pela boa onda da “reforma” – fiz (durante um ano lectivo) voluntariado numa Universidade Senior, onde desenvolvi de forma livre e pessoal, uma disciplina na área da Literatura.
Os meus interesses culturais situam-se no campo da história da cultura, ideias, pintura e escultura, religiões, música, com um fraco muito especial, além dos Gregos, pelo séc XII, o Alandalus – a terra das três culturas ou, como outros dizem, a cultura onde conviveram as três religiões do Livro –; e também a poesia Persa, e a Chinesa, antigas; cinema, teatro, etc, etc
Não sigo nenhuma religião enquanto instituição de hierarquias, poder, e dogmas; prefiro continuar fiel a um ideal universal de bem estar interior e justiça social – pelo que não sou filiada em nenhum partido político – pois acredito muito mais no poder da Arte como força impulsionadora de evolução das mentalidades do que no poder, sempre destruidor, das revoluções… (Este é um vasto tema, não vamos desenvolvê-lo aqui.) Escusado será dizer que sou livre, não revolucionária mas rebelde, e que combino os ideais do cristianismo, budismo, anarquismo também, naquela linha em que Ibn Arabi dizia – “Eu professo a religião do Amor” – pelo menos, tanto quanto possível!…
Sempre escrevi. Comecei por oscilar a minha assinatura literária entre Fátima Oliveira e o pseudónimo de Myriam Jubilot de Carvalho, acabando por fixar-me neste último – pois, assim como se diz que “há muitas Marias na Terra”, com muito mais razões se pode dizer que “há muitas Fátimas” – e quando se combinam Fátimas, Marias – e Oliveiras! – a confusão é total!
Fiz parte da direcção da Associação Cultural SOL XXI durante vários anos e colaborei na montagem de alguns Encontros Nacionais de Poesia promovidos por essa associação.
Só comecei a publicar a partir de 1987, quando comecei a conseguir equilibrar a vida profissional com algum convívio com o mundo das Artes. Tenho publicado conto, poesia, ensaio, uma breve amostragem de teatro para crianças – em páginas literárias de alguns jornais e revistas, tais como Revista Literária Sol XXI, Correio Beirão, Viola Delta, Letras & Letras, Artes & Artes,… bem como reportagens no Diário de Notícias e no Jornal de Sintra, estas últimas solicitadas por Amigos meus, colaboradores destes dois jornais. A partir de 2014, tenho mantido colaboração regular no jornal moçambicano, da Beira, O AUTARCA.
Estou representada em colectâneas e antologias, tal como descrevo em pormenor em página separada.
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Fiz três publicações individuais:
– 5X5/25 Poemas, edição de autor, chancela Sol XXI, 1990
– E no fim era a Poesia, Vega (Nova Vega), 2007
– O Livro das Actas – Cadernos vuJonga, 2016
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Das comunicações que apresentei sobre Pedagogia, a que mais me agrada é sem dúvida:
“Dramatização e Pedagogia – Poesia, Música e Pedagogia”
Publiquei estudos e/ou apresentei comunicações sobre grandes Amigos: Noémia Seixas, Orlando Neves, João Orlando Travanca-Rêgo; e outros, mais recentes.
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Prémios:
Prémio do concurso nacional de conto da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul, em 1992, com o conto “O Prisioneiro”.
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Quando era jovem, dizia quero ter uma casa à saída do pinhal, no alto da falésia, e um barco à vela pronto a zarpar, na marina. Mas fico simplesmente feliz em ter o Pinhal do Rei junto de casa, ver o Tejo a qualquer hora, da janela do escritório – e por barco, os Cacilheiros.
E aqui deixo estes poucos traços biográficos, uma vez que não gosto de ser anónima, nem sem idade! E para concluir… só falta acrescentar que em primeiro lugar, sou Algarvia – Andalusa do Ocidente! E só depois, sou Portuguesa!
Texto retirado do meu sítio na NET:
www.myriamdecarvalho.com
ou: myriamdecarvalho.com/blog/
A minha página em Recanto das Letras – site brasileiro:
https://www.recantodasletras.com.br
Para o caso de alguém querer contactar-me, aqui fica o meu endereço electrónico:
myriamdecarvalho@gmail.com