Subindo um degrau.
Desde que fiquei sozinha, e desenvolvi a síndrome do pânico, fiquei muito dependente da minha mãe. Com a chegada do covid -19 confesso que passei a ter algumas preocupações em ficar sozinha novamente.
Neste processo de autoconhecimento, percebo que fico resistente a solidão e transfiro loucamente e possessivamente a minha felicidade a alguém. Neste caso fiquei emocionalmente dependente da mãe que, como também ficou viúva, transferiu suas expectativas de vida em mim. Isso não seria ruim se tivéssemos mais empatia uma com a outra e, não estou dizendo que não a amo, apenas me referindo a uma pessoa que trabalhava muito, e não tinha o menor interesse em meus sentimentos.
Fomos muito distantes uma da outra. Minha mãe fez muita diferença entre eu e meu irmão e mesmo que isso parece um surto de ciúmes, não é. Cresci em uma família que o homem podia tudo e a mulher não. O problema desta história, é que eu passei a minha vida toda tentando ser aquilo que não era para agradá-la e quando sai de casa, realmente foi uma libertei de suas crenças arcaicas.
Com a minha vida virada de ponta cabeça, fiquei imersa aos domínios dela e aos seus cuidados que diga de passagem, se não fosse ela eu já teria morrido. Sou grata a ela por tudo que fez para mim dentro claro, de suas crenças e nem a culpo por isso.
Hoje tivemos uma briga que me deixou mais forte por incrível que pareça. Jamais virarei a costas para ela e como já mencionei eu amo mais que tudo nesse mundo e tudo que ela faz é para meu próprio bem. O problema talvez, é que estou sentindo necessidade de ter uma nova vida, mais independente e sem me preocupar com o que os outros pensam.
Estou ciente deste passo que eu dei, também sei que ainda não estou curada e que a compulsão e o medo ainda estão muito pungentes no meu dia a dia. Não que as crises acabaram, mais estou aceitando e me permitindo não buscar mais explicações sobre a causa.
Faço o possível para me equilibrar e ser uma pessoa mais ponderada, mais ainda me falta muito controle emocional para lidar com as simples coisas da vida.
Novamente clamo para ficar forte em meu caminho e procuro encontrar esperança de dias melhores, não só para mim, mais para ela também.
Sinto culpada pela briga, sinto culpada por ir embora, mais sinto que foi libertador. Estou brigando com a minha consciência e sei que por mais estranho que pareça e por mais temor que me dá em pensar em estar só, acredito que subi um degrau...