TEATRO / ATRIZ ANTÔNIA MARZULLO 2

“TEATRO

BOA VISTA

A estreia de O meu salvador,

Com Palmeirim Silva

Depois de quase dois meses de permanência, despede-se esta semana o elenco do Teatro Boa Vista. O conjunto de Palmeirim apresentou-nos, nesta temporada, peças boas, outras nem tanto, mas havendo sempre, como é lógico, o intuito de agradar, divertindo. Palmeirim, que é sem dúvida, grande comediante, poderia elevar bastante o seu nível artístico, negando-se a fazer ao público as chamadas concessões, como, por exemplo, quando fala em ‘racionamento de batata’, com o único propósito de despertar o riso que se estaria bem numa peça de revista; não deixa de chocar numa forma de comédia.

Ontem foi encenada a comédia francesa ‘O meu salvador’, original de Daniel Richê, tradução de Armando Gonzaga. Em resumo, é a história de uma jovem que vê, a princípio, o noivado, e, depois, o casamento, prejudicado pelas brigas constantes dos pais, divorciados. Afim de resolver o problema, resolve-se casá-los. Para o pai, escolhe-se a tia do rapaz, e, para a mãe, Sr. Laperche, virtuoso funcionário público, que a salvará de ser estraçalhada por um boi, espatifando-o com o burocrático guarda-chuva. Mas, afinal, fica afastada esta solução, pois os velhos retornam às boas, fazendo as pazes e casando-se novamente, entre eles mesmos. O enredo é bem armado, apesar de cortado entre o primeiro e o segundo ato, quando a ação, como que se interrompesse, fio que deve unir entre si, como contas de um rosário, todos os atos da peça. Achamos ainda que se abusou das cenas de discussão, cenas certamente preparadas, mas, por isso mesmo, algo enfadonhas. Assistir-se uma discussão é uma coisa aborrecida, mesmo quando ela se passa no palco.

Palmeirim agrada como sempre, lançando mão dos seus recursos cômicos, na interpretação da figura de funcionário público, sempre preocupado com o ‘ponto’. A velha divorciada é Antônia Marzullo, que teve o seu melhor desempenho nesta temporada. Principalmente, no primeiro ato, quando os demais mostravam-se inseguros no papel; ela representava com convicção, falando com dicção flexível e expressiva. Suzana Negri e Jorge Dinis estiveram bem, discretos e convincentes, assim como Ferreira Leite, que teve mais uma boa criação no papel de pai divorciado.

Embora não se possa dizer que Palmeirim encerra sua temporada com chave de ouro, esa peça é, certamente, agradávele digna de ser vista.

-Z M.

Hoje, amanhã e depois, ‘O meu slvador’, em sessões às 20 e 23 horas – Amanhã, vesperal às 18 horas”.

A família recortou a resenha,

não anotando o nome do jornal e a data da publicação.

Do livro Biografia de Antônia Marzullo,

de Nelson Marzullo Tangerini.

Arquivo das Famílias Pêra-Marzullo-Tangerini.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 05/06/2020
Reeditado em 06/06/2020
Código do texto: T6969043
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