Maria Fermina da Cunha – Uma profissional que deixou com louvor sua marca na educação.
Maria Fermina da Cunha – Uma profissional que deixou com louvor sua marca na educação.
Você lembra da Professora Maria Fermina? Foi aluno dela?
Texto: Professor Miguel João Simão
Escritor e Pesquisador.
Hora do sinal de entrada, e a correria era grande para a chegada na fila. Ao entrar na sala, começava as aulas de matemática, e os alunos que não faziam os deveres, começavam a tremer de medo. Após a chamada, a correção dos deveres. Na maioria das vezes, a correção era no quadro, e aí começava “um tal de baixar a cabeça”, pensando passar despercebido pela dona Fermina, que bem esperta, sabia quem fazia, e quem não fazia os deveres.
Quem não lembra das equações, das tabuadas, das expressões numéricas, da aulas de geometria?
Ali valia o velho ditado, se não vai pelo amor ( a matemática) vai pela dor (do medo) de ir no quadro. O que ninguém queria mesmo era tomar uma bronca no meio da turma e vê os colegas rindo.
Mas as aulas de matemática, não se resumiam ao medo de ir ao quadro, era mais do que isso. Ensinamentos e exemplos de vida, que a saudosa professora passou ao longo dos seus 25 anos de escola Abel Capella. Ensinava matemática com sabedoria, mostrando exemplos.
Essas aulas, de uma forma ou de outra, ficaram registradas na memória dos alunos, que até hoje comentam desses inesquecíveis momentos.
Uma mulher dedicada à igreja, que nos últimos anos de sua vida, participou ativamente das ações da Matriz São João Evangelista, de Biguaçu.
Foi Catequista por vários anos, e Coordenadora das Catequistas. Viveu intensamente abraçando e defendendo as boas ações em prol do catolicismo, uma das marcas de seus perfeitos trabalhos.
Assim era Maria Fermina da Cunha, ou dona Fermina, como as centenas de ex- alunos os chamavam.
O magistério foi seu sonho desde menina, que em 1954 inicia seus estudos no Grupo Escolar Professor José Brasilício em Biguaçu, onde permaneceu até 1958.
Uma aluna que se destacava pelos cuidados com o material escolar, pelas tarefas sempre em dia, e pelas boas notas nas provas, Fermina no ano de 1959, passa a estudar no Instituto Estadual de Educação em Florianópolis.
Retorna a estudar em Biguaçu no ano de 1963, no Colégio Estadual Professora Maria da Glória Viríssimo de Faria, se formando em 1966 no Curso de Magistério.
Nascida em 10 de janeiro de 1946 em São Pedro de Alcântara, Distrito que pertenceu ao município de São José, Maria Fermina é filha de José Manoel da Cunha e de Fermina Ana da Cunha (ambos falecidos).
Jovem dinâmica realiza o desejo de ser professora no ano seguinte a formatura.
No dia 15 de março de 1967, chegou à pequena localidade de Canto dos Ganchos, em Governador Celso Ramos, assumindo sua vaga de professora.
Competente, mostra sua liderança nas salas de aulas e em pouco tempo com seu carisma conquista toda comunidade.
Dois anos após sua chegada no antigo Grupo Escolar Abel Capella, torna-se diretora da Instituição, administrando a escola até o ano de 1972.
No ano de 1972, o Grupo escolar Abel Capella passa a atuar com o curso ginasial (5ª A 8ª série), hoje Ensino Fundamental II.
Desse período em diante Maria Fermina, além de lecionar para o primário, passa a lecionar matemática para os alunos do Ensino Fundamental II, sendo a grande professora de matemática que a comunidade conheceu.
Os desafios da educação presentes sempre em sua vida, motivavam a buscar mais conhecimentos, a se capacitar para os novos desafios que a educação passa. Dessa forma em 1975 concluiu o Curso de Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e no ano de 1980, em agosto inicia o Curso de Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Em 1983, a professora Maria Fermina da Cunha retorna a direção da Escola Básica Abel Capella, atuando até 1988.
No ano de 1993, já aposentada, assume a Secretaria Municipal de Educação de Governador Celso Ramos concluindo o mandato de quatro anos. Nessa ocasião deu-se o processo de municipalização das escolas públicas de Ensino Fundamental I (Escolas Isoladas e Reunidas).
Entre muitas características da mulher amiga, e de bom coração, uma das mais marcantes, era o apoio e o incentivo que dava aos profissionais da área da educação que estavam iniciando, apoiando e estimando ao exercício do magistério.
Aos familiares e amigos próximos deixou a marca de seu bom caráter, de dignidade, e de acolhimento. Para uns, uma quase mãe, para outros, uma avózinha, e para outros, uma confidente, amiga, parceira que soube ouvir e aconselhar nos momentos que muitos precisavam de um ombro amigo.
A professora Maria Fermina da Cunha se despede de todos de forma inesperada, falecendo no dia 22 de outubro de 2013.