QUEM MANDA É MEU SUBCONSCIENTE
Quando iniciei o tratamento, me senti forte novamente, fiquei feliz e achei que em breve estaria curada e que nunca mais teria novas crises.
Voltei a trabalhar e passei a fazer planos. De repente uma voizinha me dizia que tudo ia ficar bem e que logo a dor desapareceria.
Conforme o tempo passava eu tinha mais saudades e as lembranças doíam cada vez mais. Quando chorava escondido, sentia as lágrimas caírem quentes e sofridas. Era um choro que vinha de anos, um misto de pena de mim mesma e revolta com Deus por ter me tirado o meu bem mais precioso.
Comecei a fazer exercício pois, encontrara ali uma maneira de me sentir alguém. Era o único momento que fazia algo por mim.
Ficava horas do dia pensando na vida que havia perdido com a morte de meu marido e acredito que isso foi me debilitando mais.
Novamente fiquei resfriada e como um furacão num dia qualquer, tive uma crise maior que minha vontade de melhorar. Fiquei tão assustada que nem gosto de lembrar.
Mais uma vez veio a vergonha e o sentimento de impotência perante ao medo. Sem explicações e racionalidade nem percebi a crise chegando e sendo assim, voltei ao médico para reiniciar um novo tratamento.
Estava fazendo terapia, mais admito que a maior parte dos meus problemas estava realmente na minha mente, encravados em meu subconsciente que durante anos, só registrava memórias ruins.
Todas as vezes que sentia um certo alivio e uma alegria, os tremores tomavam conta do meu ser como se quisesse me lembrar que felicidade não fazia parte da minha nova vida.
Sempre que tentava sair de casa, me deparava com algum conhecido que não conseguia disfarçar a reação ao ver minha forma física.
Nesta época , havia sobrado poucos amigos de verdade e mesmo os poucos que restaram, eu preferia manter distante. Não queria depender de ninguém, mesmo confessando que ter alguém para contar durante as crises ( e eu tinha) ajudava muito a me acalmar.
Passava a maior parte do meu tempo vendo filmes de terror e lendo assuntos exóticos como o incêndio da boate kiss. Acredito que meu subconsciente estava entorpecido de lembranças ruis e precisava se alimentar de mais desgraças, era um tirano que morava em minha cabeça. É incrível como não percebemos que vamos nos afundando pelas nossas próprias vontades.
Não tinha propósito, não tinha planos, não tinha esperança e por um bom tempo, nem fé...
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