Fui ao meu enterro.

Faz 24 anos.

Por essa hora, cirurgias e muita instabilidade, a linha da vida e da morte se encontravam.

E então...

Morri.

O que segue é uma experiência para poucos:

Depois de cinco dias renasci.

E foi então que descobri o que enterrei.

Jaz no túmulo a ilusão do controle da vida

Jaz a importância com o que não importa

Jaz a ideia de possuir qualquer coisa...

Da morte para a vida

Da contabilidade para a enfermagem

Dos episódios de crise existencial para a vida plena.

Aprendi a viver cada dia como se fosse o último.

Que ama cada parte da vida

Que se sente feliz

Que acredita no bem e luta por ele,

Mesmo que às vezes pareça uma voz ecoando no deserto.

Que não perde amizades por divergências de ideias,

Por acreditar que há maior crescimento na oposição de ideias do que no afago do egoísmo.

Que ainda acredita na ética e na família

Que não finge fazer os papéis sociais

Que sabe que se não terminar o dia hoje, levará consigo

Amor e felicidade.

Walker / Abril 2020