Esgarçamento
é um texto autobiográfico... dedicado a Rubens, Rosana e Renan, que talvez nunca o leiam. E acho que é por isso que o escrevo, porque tenho impossibilidade de confessar o que segue a eles e a mim mesmo.
Quando mais novo, ali com meus seis, sete anos; eu e minha irmã (à época) caçula, íamos para a casa de minha tia em muitos finais de semana, pois nossos pais trabalhavam.
Aqueles sábados e domingos que lá passávamos eram todos maravilhosos e posso dizer sem medo ou vergonha que era então que eu vivia a infância em sua plenitude. Eu me permitia brincar, rir, imaginar as coisas, ficar sujo, me permitia, enfim, SER criança. Aliás, todos nós éramos permissivos, deixávamos a vida correr por nossos corpos ávidos por diversão.
Entretanto, hoje, depois que ficamos grandes, que alguns de nós já têm até família e filhos ou, então, estudos e trabalho; agora que a gente não mais brinca juntos, a amizade e o elo se esgarçaram.
Tanto que, mesmo quando nos vemos na rua ou nas ocasionais reuniões de família, é de longe. Não há aproximação. Nossos linguajares e gostos nos afastam não havendo, pois, nenhuma troca de palavras. Também não há gestos.
A vida fez com que cada gesto se tornasse um (e)terno e tristonho adeus.