Meu Pai Francisco
Esse ano faz 10 anos que meu pai morreu, meu paizinho querido era lindo, loiro, olhos verdes, gostava de fazer caminhadas e cuidava da alimentação por isso não engordava. Era comerciante no ramo da moda, tinha uma alfaiataria que se chamava Príncipe de Galles localizada na rua curitiba, no centro de BH. Lá ele tinha uma vasta freguésia composta por políticos, noivos e empresarios. Sua alfaiataria tinha, na década de 70 e 80 a média de 25 funcionários. Todos costuravam, tinha o calçeiro que chamava Jaburu era magro esguio e era fiel ao meu pai, eles foram amigos de infância e ambos nasceram na cidade de Rio Vermelho; tinha o Raimundo que chegou a fazer vários Blazers pra mim na epoca das vacas gordas , a Marlene era a única mulher, fazia camisas. Tinha o Rocha que fazia de tudo : calças , camisas, blazers, palitó, etc. O curioso é que ali todos trabalhavam felizes mesmo sem papel higiênico, isso mesmo! Meu pai não comprava papel higiênico pra seus funcionários. Lá tinha os rolos de papel rosa e muitos retalhos de tecido: viscose, cambraia, tropical, tergal,casemira,etc tudo guardado debaixo do balcão onde se contava os ternos. Era muito contrangedor pois agente sempre sabia quando um ou outro ia fazer o número 2, sempre davam uma passadinha no balcão antes de entrar no banheiro. Uma vez eu já adolescente fui perguntar pro meu pai porque ele não comprava papel higiênico pra alfaiataria? Ele respondeu daquele jeito brabo dele: - Eles roubam os rolos, não dura 20 min. Haja papel!!! Assim eu vou a falência!!!. Realmente meu pai era muito econômico.