Minibiográfia de um ser.
Nasceu, como quem não quer nada, apenas de oito meses, após uma gestação complicada. De um cidade pra lá de distante, em um lugar um tanto pacato, cresceu. Aos dois anos indicou o maternal, em um mini colégio particular que havia naquele lugar. Aos três, conheceu o ballet, se apaixonou, embora diziam que não era seu forte, lutou.
Aos quatro, conheceu o medo, o trauma... E dezenas de outros que prefiro ocultar. Dentro de seu próprio lar, a violência, a tentativa de um abuso sexual, toques infernais eternizados em sua mente.
Aos cinco, corria com medo do perigo, tudo era suspeito, vivia com medo. Na sua casa, brigas e mais brigas, do passado nenhum familiar sabia e nem tão pouco saberia.
Enfim, fez seis, surpreendentemente descobriu que não era pra vim... Após tantas tentativas de aborto estava ali! Remédios que foram comprados, desperdiçados, dinheiro gastado, tudo vão.
Aos sete, sentiu a dor da perca, viu seu avô partir, mas nem se quer pode se despedir. Foi sem nunca mais voltar, saiu, não saiu de casa, ou mudou de cidade. Saiu de dentro de um hospital para dentro de um caixão, o último adeus, não deu.
Aos oito, adquiriu compulsão alimentar, resultante de traumas antigos, comia disparadamente, engordou, fugiu do padrão social, sofreu bullying na escola, não queria sair.
Aos nove, continuo a sequência, dor, brigas, bullying, saudades, traumas... Passaram se anos assim.
Aos treze conheceu o amor. Bom, na verdade, se enganou. Mas antes de tudo, era amor. Até quebrar a cara, insistir e cair. E descobrir que na verdade não era pra ser, e que sua cabeça estava enfeitada a ponto de ser referência.
Aos quatorze teve depressão, ou talvez tenha tido sua vida inteira. Tentou suicidar-se umas mil vezes. Vão! Nem tão pouco conseguia da fim na sua dor, que horror... Remédios com bebidas, atropelamento provocado, escadas, cordas, pescoço dependurado... Tudo resultou em hospitais, sequelas sem fim.
Aos quinze ouviu uma voz, sombria que não soube explicar, mas essa voz dizia que iria te matar! Desde o dia, parou. Tentou se curar, se cuidar e se amar. Por falar em amar, amou! Quebrou a cara outra vez, aos 16. Relacionamento compulsivo, ser possessivo. Quase com um fim fatal!
Aos 20 e poucos... Estudos concluídos, tornou-se administrador, proprietário, coách e escritor. Superou, sobreviveu, respirou...
Nem sempre haverá finais felizes, nem tão pouco inícios felizes, mas ainda assim, á vida vale a pena viver.
Inspirado em uma história real de um ser real, com uma bravura surreál.
#JaneiroBranco