CHEGANDO AO PLANETA TERRA
PARTE DE MINHA BIOGRAFIA
Penso que, quando se inicia a escrita de um livro, onde prevalecem aspectos de memórias, o autor deve começar pelo seu nascimento, mencionando sua terra natal, os nomes de seus pais, como foram os primeiros anos de vida, etc. etc. É assim mesmo que vou começar, embora meu desejo fosse contar, logo de princípio, alguns episódios marcantes de minha vida. Sobre o que estou vivendo hoje e outros que já vivi e julgo decisivos em minha trajetória. Vou adiar isso. Prefiro seguir o curso de um livro dessa espécie, tradicionalmente, vez que, este relato não deve servir de lamentações e lamúrias.
Nasci no dia 25 de agosto de 1949, no município de Rio Espera, estado de Minas Gerais, Brasil, num lugarejo chamado Piteira. Minha casa era grande e boa. Foi feita em um terreno do meu avô paterno com parte de um dinheirinho herdado por mamãe de sua avó que muito a amava a qual ela chamava de vovó Dodona. Lembro-me, direitinho, de sua parte da frente, do moinho e da bica de água cristalina na porta da cozinha, onde mamãe lavava as vasilhas. Na cozinha, pendurado na madeira principal que sustentava o telhado, havia um balaio grande, que servia de berço para as crianças que nasciam naquele lar abençoado.
Sou filho, com muito orgulho, de João Pereira de Souza e de Maria das Dores de Souza. Meus avós maternos, já falecidos, são Aprígio Lopes de Faria e Carolina Vita de Miranda e, paternos, também já falecidos, Pedro Pereira de Souza e Maria Neves de Jesus. Tenho quatro irmãos, sendo, pela ordem de nascimento, José Fidêncio Pereira de Souza, Antônio Faria Pereira de Souza, Geraldo Expedito Pereira de Souza, Marinho Bebiano Pereira de Souza e uma irmã, a caçula da família, Conceição Aparecida Pereira de Souza.
Consegui alguns nomes de minha árvore genealógica, a partir dos meus bisavós, Querobina Gomes de Jesus e Francisco Pereira de Souza, pais do meu avô paterno; Miquelina Alves Salgado e José Gomes da Silva, pais da minha avó paterna. Do lado de minha mãe, registro, aqui, os pais do meu avô materno, Maria Clara de Faria e Alcides Lopes de Faria e meus avós maternos Francisco Gonçalves de Miranda e Maria Carolina de Almeida.
Dizer que me lembro do meu nascimento seria uma gozação, mas sei, através das informações de meus pais, que cheguei a este mundão, às 14 horas, quando a violência neste país estava muito longe do que é hoje, pelas mãos de uma parteira, Dona Maria Carreira, negra, pessoa de coração cheio de bondade e muito amiga de meus pais, a qual se tornou minha madrinha de apresentação(rito adotado na Igreja Católica, no momento do batizado). Faltava-lhe um dedo em um dos pés, uma vez que fora vítima da pisada de um cavalo, por distração da pobre madrinha Carreira.
O livro, em sua quase totalidade, é de memórias, por isto, cabe aqui, falar um pouco de minha família. Meus pais eram muito pobres, mas muito felizes. Papai, lavrador, filho predileto de meu avô, padrinho Pereira, chamado de padrinho por todos os outros meus irmãos, embora ele fosse padrinho mesmo de apenas um. Era gostoso chamá-lo de Padrinho e gostoso também chamar a minha avó de Dindinha, haja vista o carinho que todos tinham por eles.
Minha mãe me contou que Luiz seria o nome de meu irmão, acima de mim, Marinho, que por sugestão de meu tio Chico, não teve esse nome, uma vez que ele dissera que todos o chamariam de Luis-cacheiro (ele queria fazer referência a um bicho espinhento – ouriço-cacheiro). Quando nasci, coincidência ou não, foi no dia de São Luís, Rei de França, em 25 de agosto de 1949. Minha mãe, devota de São Luiz de Gonzaga, não perdeu a oportunidade para registrar-me com o nome de Luiz Gonzaga, satisfazendo, assim, o seu sonho de ter um filho com o nome de Luiz.
Fui crescendo na roça, sem muitas lembranças, a não ser dos afagos de minha tia Bem, irmã de mamãe que tinha o maior xodó para comigo, enchendo-me de beijos e abraços na casa da rua, de propriedade do meu avô Aprígio, local para onde íamos, no período da Semana Santa.
Outro episódio de minha infância de que não me lembro, mas que me foi informado por mamãe, refere-se a uma intoxicação que quase meu levou ao cemitério, provocada pela ingestão de biscoito frito, de polvilho. Graças a Deus e ao Dr. Liberato, médico da cidade que dava assistência à nossa família, hoje estou podendo contar a minha história.