Rabiscos
Viu a vida parada
Não soube dizer
Suas pernas travaram
Perdeu o metrô;
Viu os seus mortos
De sempre
Jogados pela estação.
Morreu novamente
Do outro lado
Viu o quanto
a vida tinha ido
E nada fizera
naquela pobre tarde.
Tinha na caixinha
As mazelas
de um amor solitário
Ao qual resistia
E lutava em não amar
Um amor egoísta
De apenas um
Sim que se doou
Todo tempo.
As outras coisas
Eram alguns escritos
Umas solidões
Uns rabiscos no tempo
Que não diziam nada.