QUANDO MATEI UM EVANGELISTA

Ele era uma boa pessoa
Mas era muito chato
Ele atrapalhava os meus negócios
Porém me avisava do perigo
Era um dia de domingo
Ao entardecer
Antes das 6 pm
Antes de bater o sino
Não sabia que eu era disto
Uma raiva entenebrecida
Nunca imaginei fazer aquilo
Era um dia de domingo
Ele era o meu amigo
Um irmão
Peguei-o pelo pescoço
e asfixiei-o,
num golpe mata-leão.
Foi perdendo as forças
até que caiu desvaído.
Os outros vinham
e lhe perguntavam,
mas ele nada respondia.
Estava caído ao chão
Com a mão gelada
E o coração parado
Sem reação
Sem nenhum respiro
Era minha culpa
…e não tinha desculpas.
Eu não imaginava ter feito aquilo
Era uma tarde de domingo
Ele era meu amigo
Um irmão
Agora sou culpado
Um fratricídio
(Acho que o nome é isso) 
Que nem Caim
Sou um assassino
Eu queria correr
…mas para onde?
Em qualquer lugar
vão me reconhecer.
Com sangue nas mãos
Um sangue inocente
Agora estou marcado
Serei um fugitivo
De Deus,
do diabo
e da polícia.
Perdão, Senhor!
Perdão, Senhor!
Estou arrependido
Não era para matar
Não era minha intenção
Então vi um milagre acontecer...
O golpe não foi tão forte
E o coração voltou a bater
E ele se recobrando
aos pouquinhos,
e devagarinho
foi se levantando,
e me disse:
Eu te perdoo,
não faça mais isso!
Que alívio!!
Quase mato meu amigo
Quase viro um assassino
Nunca imaginei fazer aquilo
Era uma tarde fria de domingo
Antes da Catedral da Fé
badalar o seu sino.
Quase que mato o Evangelismo.