1100-UM CONVITE INESPERADO - Biográfico

Cap. 2 de “Vivendo no Paraíso”

Alto, aspecto bonachão, careca e bem humorado, assim era o primeiro gerente da Agência do Banco do Brasil em Paraíso. Estabeleceu desde o início uma boa interação com todos os colegas, desde o continuo até o subgerente. Talvez um pouco afobado ou ansioso no exercício do cargo, pois pretendia que a agência desse lucro logo no primeiro semestre de funcionamento, coincidindo com o primeiro semestre de 1959.

Depois de dois ou três meses chamou-me á gerência para conversarmos.

— Gobbo, você é daqui de Paraíso, já trabalhou no Crédito Real local e conhece todo mundo. Vamos fazer uma pareceria de campeões. Vou indicar você para Investigador de Cadastro, e você vai procurar as melhores pessoas, as firmas mais importantes (ele sabia também que meu sogro era o proprietário do Curtume Santa Cruz, a maior indústria do local, naquela época) e fazer desses seus conhecidos a clientela do BB.

Fiquei surpreso, pois estava há apenas três anos no Banco do Brasil, e me julgava ainda funcionário novo para exercer a comissão. Como fique calado durante alguns minutos, ele continuou:

— Como investigador, você irá visitar, durante o horário de expediente, quem desejar, será um trabalho até folgado. E vai tomando notas para organizar o cadastro das firmas e pessoas visitadas, ficando encarregado de organizar o cadastro da agência.

Aceitei em seguida. Além de receber uma comissão, tinha uma liberdade de trabalho muito grande. Após cada visita, ou depois das visitas da tarde, eu criava a ficha cadastral para cada cliente em potencial. Era um modelo padronizado, no final do qual eu colocava minha impressão pessoal e comentários que achasse necessário.

Trabalhei nessa função de 1959 até junho de 1968, ou seja, durante os nove anos e meio.

Tal liberdade de ação me possibilitou exercer diversas atividades fora do banco, algumas permitidas e outras não bem vistas pela administração da agência.

Trabalhei na função de Investigador de Cadastro de 1959 até junho de 1968, ou sejam durante nove anos e meio,

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 05.12.2018.

Conto # 1100 da Série Infinitas História

2o. de série de minicontos “Vivendo no Paraíso”

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 30/12/2018
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