1098-MAURICIO GOBBO -Nascimento

Maurício Gobbo, o caçula da família, completa hoje (28.11.2018) cinquenta anos.

Seu nascimento ocorreu em uma ocasião um pouco difícil para a família. Mas quando surgiu, sua presença constituiu um novo alento para mim e para Enny, e alegria para os quatro irmãos: Cecília, com dez anos, Denise, com oito anos, Alexandre, com cinco anos e Fabíola, com dois anos.

Maurício foi o único da irmandade que nasceu fora de São Sebastião do Paraíso. O motivo foi minha transferência para a agência do Banco do Brasil de Jales, ocorrida no primeiro semestre de 1968.

A mudança de residência de São Sebastião do Paraíso para Jales se deu por motivos internos da Agência, que teve como uma das consequências a extinção do cargo Investigador de Cadastro, que eu ocupava, e com a disponibilidade de quatro funcionários, sendo eu um deles.

Viajei ao Rio de Janeiro para conversar com o chefe do Departamento de Pessoal, a fim de conseguir transferência para uma agência que houvesse um cargo comissionado de nível idêntico ao que acabara de perder.

A agência de Jales, no oeste de São Paulo, foi a opção para a transferência, onde havia uma vaga de Chefe de Serviço, a qual passei a ocupar.

Em julho de 1958 Enny estava grávida desde março, ou seja, no quarto mês de gravidez; chegou com forte disposição de se adaptar à nova vida, entre pessoas totalmente estranhas (não havia sequer um conterrâneo na cidade), muitos japoneses, um calor de 40 graus à sombra. Casa alugada com escada para chegar à porta de entrada.

Procuramos o médico que atendia aos funcionários, Dr. Shigheru Kitayama, que continuou dando assistência pré-natal. Competente, humano e sábio, constituiu um forte amparo para Enny, inspirando-lhe confiança e tranquilidade.

Enny normalmente passava bem nos meses de gravidez, e nesta não foi diferente. Chegou ao tempo de dar a luz com boa saúde e bem disposta.

Em conversas entre nós e o médico, havíamos sido aconselhados por ele, Dr. Shiguero, a fazer a cirurgia conhecida por laqueadura ou ligação das trompas, a fim de evitar nova gravidez.

— Vocês já têm quatro, este será o quinto. Terão muito trabalhando em cuidar dessa prole.

Enny, católica fiel e praticante, consultou o pároco da Igreja de Nossa Senhora da Assunção sobre esta predisposição.

— Minha filha, sua missão de mãe já está sendo cumprida. Deus não disse quantas vezes multiplicar, e você e seu marido já multiplicaram por cinco. Tenha fé, faça a cirurgia e cuide bem de todos os filhos e filhas que já têm e mais este que terão.

Enny foi internada na Maternidade do Hospital Municipal de Jales na véspera e deu a luz ao menino ao meio-dia do dia 28, quinta feira. Parto normal, como os anteriores, e o médico fez a laqueadura das trompas.

Mauricio pesou ao nascer 4 quilos e 650 gramas. Bebê grande prá valer. Cabeludo e olhos bem puxadinhos, as irmãs achavam que ele era um japonesinho!!!!

A felicidade foi geral. Os colegas da agência também participaram daquela felicidade, com abraços, visitas, presentinhos e coisas que tais.

À saída da maternidade, o doutor Shiguero deu instruções para o repouso de Enny, que deveria de ser de quinze dias.

Na tarde do dia 28, o bebê que seria batizado Maurício, saciado pelas primeiras mamadas nos seios de Enny, já dormia no pequeno berço ao lado de nossa cama de casal.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 28 de novembro de 2018

Cronica/conto # 1098 da Sére INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 29/12/2018
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