1075-UMA PERITA NO FORNO E NO FOGÃO

Elvira Colombarolli – Biografia – Cap. 15

Todas as visitas que apareciam na chácara Elvira sempre tinha alguma coisa para lhes oferecer. Faziam imediatamente um bolo tipo brevidade e nós a auxiliávamos bater os ovos e preparar o fogo para assar. — Elvira fazia um bolo especial na sazonalidade do milho verde, assando-o dentro de panela, sobre a chapa do fogão quente, e sob calor de brasas tampando a panela ou forma. Era a maior delícia. Dois pratos típicos que Elvira fazia que hoje ainda permaneçam vivo na memória: Um era o prato chamado de BOLA. Era mistura de batatinha com diversos temperos, melhor que inhoque, mas recheado carne, temperado com molho de tomate e queijo por cima. O outro prato era pimentão recheado com carne moída. A mão dos temperos falava mais alto, pela delícia e sabor. O pão caseiro que Elvira fazia tinha algo nobre. Ensinava às diversas pessoas, porém, não saia igual ao da Elvira. Recheava de vez em quando, com torresmo. O sabor ainda era mais acentuado. Bolos, bolachas, biscoitos, pudins sabia fazer com esmero e sabor. Na ocasião de milho verde, Elvira sabia preparar um bolo todo especial utilizando milho verde, já mais para bem granado. Após a moagem em máquina de moer carne, nesse caldo grosso era acrescentado os devidos temperos como açúcar, leite, manteiga, cravo, noz-moscada e outros. Com esse produto final era colocado em caçarola sobre o fogão de lenha. Por cima uma tampa contendo braseiro bem ativo. Findo uns 30 minutos o bolo estava totalmente assado, odor característico visual apetitoso era só apreciara aquela guloseima. Tinha habilidade muito especial na arte de fazer macarrão. Certa ocasião ganhou de sua mana Mariquinha uma recém-lançada máquina de fazer macarrão. Tratava-se de um engenho nos moldes de máquina de moer carne, porém, com dispositivos em seu bocal, e dali já saía a massa de macarrão já cortada e pronta para ir à panela. A escolha era aleatória, poderia ser espaguete, talharim, lasanha, fuzile ou nhoque. Era pesado seu acionamento, e não raro alguns dos visitantes ocupavam esta tarefa para depois apreciar aquele apetitoso prato. O ato de sovamento da massa era simplesmente manual. Surgiu com o passar dos tempos Elvira teve conhecimento de um velho cilindro manual que laminava a massa do pão. Pertencia à família baiana do senhor Antonio Sepúlveda, vulgo Filó. Sua esposa, não mais fazendo uso deste velho cilindro, vendeu-o a Elvira. Após algum restauro ficou ótimo e quando o pão era feito, com o auxilio de outra pessoa, havia praticidade no ato de cilindrar a massa. Essa prática deixava o pão muito mais leve, mais volumoso e mais macio. Permaneceu longos anos utilizando aquele velho cilindro de madeira. A cunhada de Elvira, Neiva Scarano vendo aquele cilindro de madeira, resolveu doar outro cilindro, nos mesmos moldes, porém feito em ferro. Também, após restauro, passou a desenvolver melhor serviço que o antigo de madeira. Neste além do pão, laminava massa de macarrão que após processo de corte laminado produzia excelente macarrão caseiro.

ANTONIO ROQUE GOBBO e DARCY MOSCHIONI

Belo Horizonte, 21 de Junho de 2018

Conto # 1075 da Série INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 23/10/2018
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