1073-RELIGIOSIDADE E MEDIUNIDADE

Elvira Colombarolli – Biografia – Cap. 13

Todos os filhos tinham obrigação de comparecer à missa aos domingos. A igreja mais frequentada era a de Nossa Senhora de Sion, do Seminário de mesmo nome, dirigido pelos Padres daquela congregação, de origem francesa. As missas pareciam ser sempre solenes, pois os seminaristas formavam um belíssimo coral com músicas gregorianas. Frequentava também as missas celebradas na igreja Nossa Senhora da Abadia, que ficava mais próxima da chácara, no bairro da Mocoquinha. Elvira tinha especial preferência pela Igreja de Nossa Senhora da Abadia. Houve, naquela igreja, diversos momentos em que o sogro, Aníbal Muschioni, participara ativamente, ajudando em reformas e restaurações. Quando foi necessário um grande serviço de restauração da torre, Aníbal reuniu um grupo de trabalhadores para o ajudarem. Conseguiu também ajuda financeira de alguns fazendeiros e sitiantes “bem de vida” (em situação financeira folgada). Ninguém negava ajuda aos pedidos de Aníbal para a igreja. Naquela restauração houve a troca do relógio. Na parte abaixo do relógio, dentro da torre, há um memento, uma menção de agradecimento a todos os que ajudaram. O nome de Aníbal Muschioni consta em primeiro lugar. Elvira se orgulhava muito de contar isso aos amigos e conhecidos, quando tinha oportunidade. Elvira e Alpineu participavam ativamente nas solenidades católicas, como a Semana Santa, Natal, Páscoa, e, principalmente a festa da padroeira, Nossa Senhora da Abadia. Era uma festa muito concorrida, com novenas todas as noites, de 8 a 15 de agosto. Depois da novena, que terminava pelas nove da noite, Elvira e Alpineu tinham pressa em voltar para a chácara, mas os filhos insistiam em ficar na quermesse, ao redor da igreja, para comer maçãs do amor, tentar pescar prêmios na barraquinha da pesca, ou dar uns tiros de espingardinha de pressão na barraca de tiro ao alvo. Voltavam pela estrada iluminada só pelo clarão da meia lua crescente; ou por um atalho, uma trilha que saia dos fundos da igreja e terminava na porteira da chácara. Até que um dia Orlando, que era o filho mais “cheio de novidades”, isto, gostava de coisas novas, comprou uma lanterna a pilha. Foi uma coisa boa, olhada com reserva pelo pai, Alpineu, que via nisso uma maneira de prolongarem a permanência noturna na “festa da Abadia”. Tudo ia bem às noites de quermesse e nas manhãs de domingo, quando o tempo era seco. Mas na época das chuvas, era um terror enfrentar o barro da estrada ou do “atalho”, que era, também, muito escorregadio. Elvira era católica fervorosa, Tinha uma grande admiração pelo venerado pároco Monsenhor Felipe, conhecido na cidade e mais ainda na zona rural. Em suas orações dirigia sempre uma prece especial para o digno monsenhor, falecido em 1939. Relatava Elvira que ao assistir missa dominical, percebeu que o padre que estava fazendo o sermão, falava com tanta devoção e fé e num instante ela viu um raio de luz vindo diretamente para o pregador. Olhou para os arredores para ver se havia fonte de iluminação, porém, igreja fechada não havia como aquele feixe de luz penetrar. Também tinha Elvira tinha outros tipos de mediunidade espírita. Contava que seu filho Darcy, ainda de colo, choramingava um pouco diferente do normal, e olhando para o bebê viu claramente uma mão estendida sobre seus pequenos ombros. Ainda tinha outros tipos de percepções extrassensoriais. Ao ver uma alguma pessoa já falecida andar pela rua, não atinava, no momento, que estava tendo uma visão. Só se dava conta depois de passado os fatos e cair em si, ficando por vezes surpresa e por vezes preocupada. Não gostava de falar sobre tais visões e jamais procurou explicações. .

ANTONIO ROQUE GOBBO e DARCY MOSCHIONI

Belo Horizonte,21 de Junho de 2018

Conto # 1073 da Série INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 23/10/2018
Reeditado em 23/10/2018
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