1071-PRIMEIROS TEMPOS DE CASADA

Elvira Colombarolli – Biografia – Cap. 7

Os primeiros meses de casada trouxeram para Elvira, como é natural em todo casamento, desafios e responsabilidades sem conta.

Seu sogro, Anibal Muschioni possuía uma chácara próxima à cidade, porém em posição oposta à chácara do pai de Elvira. As terras desta chácara formavam a encosta de um vale, cujo fundo era percorrido pelo córrego.... Faziam divisa os fundos da Santa Casa de Misericórcia, estendia-se rumo ao Matadouro Municipal, separadas pelo córrego ..... Eram vinte alqueires de terras de pasto, e com olaria situada bem abaixo do vale. . .

A casa da chácara mereceu uma reforma e aumento, para que Alpineu e Elvira passassem a morar com a família de Anibal e Beatriz.

Passaram a residir na chácara onde Alpineu morava com os pais, Anibal e Beatriz. Foi uma convivência feliz, quando Elvira acostumou-se a viver com o sogro e a sogra, numa vida em comum sob o mesmo teto que iria durar por muitos anos à frente.

O marido trabalhava com o pai na olaria, cuja venda de tijolos, bastante procurados, proporcionava uma vida tranquila para todos. O trabalho era pesado e principalmente nos dias de queimar os tijolos. Alpineu, seu Anibal e mais dois ajudantes da olaria permaneciam acordados a noite inteira, colocando lenha nos fornos e vigilantes para que alguma fagulha não fosse incendiar os pastos dos arredores. O calor era tremendo e os homens não podia se afastar, por receio de tomarem alguma friagem noturna e “estuporar”, ou seja, ficar deformado de rosto e corpo tudo torto.

Elvira com sua aptidão para o trabalho foi ganhando aos poucos confiança de todos os seus familiares. Dai fazia grande parte das quitandas, pães, biscoitos, bolos em forno de lenha .

Também era encarregada de lavar roupa dos familiares, porém, em córrego que passava distante da casa sede. Além de ter que transportar malas e malas de roupas sujas, após a lavação ela tinha que retornar com as mesmas já lavadas para serem estendidas em cercas de arame farpado para secagem.perto da casa e longe doe animais e insetos que pudessem suar as peças laimpas com tanta dificuldade.

A passação das roupas era feita com ferro de brasa, de modo rústico e elementar. Para melhorar o aquecimento periódico o ferro era colocado em janela, parte mais alta, onde recebia ventilação natural o que avivava as brasas . Processo lento e custoso.

Elvira merecia do sogro, seu Anibal uma grande afeição e respeito,que ela retribuía com felicidade.

Ele costumava fazer à noite algum tipo de chá, ora de horelã, ora de erva cidreira, e de outras ervas medicinais, que colhia do canteiro de ervas de sua horta. Com o tempo, eles passaram a se revesam na feitur do chá, e enquanto tomavam, mantinham longas conversas, pois ela era muito comunicativa.

Anibal dizia com constância à nora que ela não deveria permanecer naquela labuta da chácara. Achava que não merecia o volume de trabalho na propriedade. Contudo, era conveniente para Alpineu a residencia na chácara, pois facilitava a administração da olaria, donde tiravam o sustento da família. .

Um novo mundo abriu-se para Elvira. A família à qual se incorporara era grande. Alpineu era o nono filho de uma sequência de onze irmãs e irmãos(sendo que dois já haviam morrido quando eles se casaram), Todos moravam na cidade, da qual a chácara distava cerca de quatro quilômetros. Por isso,era freqüente as visitas dos filhos e filhas aos pais, geralmente aos domingos à tarde.

A casa se enchia e extravasava. Vinham os cunhados, as cunhadas, e as crianças de Rosa, a cunhada mais velha. E mais alguns vizinhos, amigos dos cunhados e das crianças. As crianças nem entravam em casa: iam direto para o pomar, procurar alguma fruta da ocasião. Zé Pina, primo do marido, que também morava na chácara, ficava encarregado de vigiar as crianças a fim de que não fizessem alguma arte.

As conversas se estendiam molemente ao calor das tardes.

Dona Beatriz preparava na véspera, ou seja, todos os sábados, as quitandas a serem servidas aos visitantes. Elvira logo, que sempre ajudara a mãe, entrosou logo no esquema da sogra, e as duas enfrentavam a trabalheira em conjunto.

ANTONIO ROQUE GOBBO e DARCY MOSCHIONI

Belo Horizonte,14 de Junho de 2018

Conto # 1071 da Série INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 22/10/2018
Reeditado em 25/10/2018
Código do texto: T6483493
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