1065-NASCIMENTO DE ELVIRA
Elvira Colombarolli – Biografia – Cap. 5
Ainda era de manhã, talvez oito ou nove horas. O sol quente do verão batia de chofre na pequena casa de colonos, onde habitavam ela, o marido e os três filhos, Vitório, Pedro e Maria, respectivamente com oito, seis e três anos.
Na fazenda Morro Alto, o dia já ia alto, com a rotina inalterada: os homens na lavoura, as mulheres nas casas da colônia, cuidado dos quefazeres da casa.
Rosinha trabalhava com dificuldade, pois já estava nos últimos dias de mais uma gravidez.
Aparecendo súbito na porta da casa, ela gritou bem alto:
— Secondo! Sicondo! Venitevi cá! Presto! (Segundo! Segundo! Venha aqui! Depressa!).
Rosa cruzava com firmeza as mãos sobre a barriga enorme.
Capinando o pequeno trato de terra plantado com milho, na encosta de uma pequena elevação, o marido não dava sinal de ter ouvido os gritos da esposa. Então Rosa voltou-se para dentro da casa, chamou Vitório, o filho mais velho e ordenou:
— Vai lá, Vito, vai correndo, chama seu pai! Depressa, menino!!
Vitorio foi e levou não só o recado como toda a ansiedade da mãe. Voltaram os dois, pais e filho, correndo. Parece que o marido sabia porquê estava sendo chamado com tanta urgência.
Ao chegarem Rosa estava deitada na cama do casal e arfava, com dores.
— É a hora! — ela disse, entre longos suspiros e gemidos de dor.
Humberto gritou para Vitório:
— Corre até a casa a do patrão e diz pra dona Elisa que venha correndo.
Dito e feito. Dona Elisa já estava de sobreaviso para ajudar, como já fizera das vezes anteriores, sua amiga Rosa a dar a luz.
Entre panelas de água quente, lençóis e toalhas úmidas, no quartinho fechado e abafado, nasceu, pelas quatro horas, uma menininha ruiva e alva como os flocos de algodão. Chorou com força ao nascer.
— É uma menina, Sicondo. Uma bela bambina!
Era a tarde de vinte e oito de fevereiro de 1910. E a menininha, tão tenra e tão clara, recebeu na pia batismal na capela de Guardinha, o nome de Elvira.
ANTONIO ROQUE GOBBO e DARCY MOSCHIONI
Belo Horizonte, 1º. De Maio de 2018
Conto # 1065 da Série INFINITAS HISTÓRIAS