Vazios de amor
Fuji de imaginar
Que sofreria tanto assim.
Até que me desse conta
De retomar e arrumar
A bagunça da vida
E daquele apartamento.
Dessa vez era pra sempre
E não me peguei nem
a apagar as fotos
da memória do celular.
A solidão é feito a morte
Com diferença
que depois da morte
O corpo descansa.
Depois de uma solidão
O corpo fica a vagar
por aí ainda, e a alma,
Essa morre um pouco mais
Em cada palco
em que se contracena,
Com a ilusão.
Me agarrei naquela tarde
Em todos os amores
Que deixei pra atrás,
Em todas as belas
E nem tão belas assim
Que fiz sofrer.
Justifiquei com minhas
próprias falhas
O resultado frustrado
Daquela tarde de domingo.
Quanto mais a tarde caía
Me sentia mais só
Mas também
Não recorria a mais nada
que não fosse
A mim mesmo.
O degrau da ilusão é alto,
E quando se cai não tem jeito,
Duas coisas se quebram
A cara e a alma.
Viera a sensação
De já ter vivido aquilo.
As noites os bares
as praias os vinhos
As músicas os momentos
O próprio amor,
E aquela conhecida dor.
Como uma coisa impossível
Que vem tentando
Se repetir de outras vidas;
Aquela paixao indefinida
Instantânea e vazia
do seu proprio amor.
Como se vivêssemos
Através de outras formas
Até chegarmos aqui
E cada vez mais
Em irreparáveis desencontros,
Certos de cada vida
Que ainda íamos
nos cruzar.
Parei pela tarde
Meus mortos de sempre
Sentados na escada.
O quarto velho
O corredor deserto
Onde em alguma vida anterior
Desfaleci.
A casa vazia
O semblante jovem ainda,
A alma envelhecida,
As crianças de sempre
que brincavam eternas
pelo chão.
Percebi que não vinha mais.
E que numa dessas vidas
Já tinha lhe visto
E por me fazeres sofrer
Nao seriamos mais felizes.
E que desta vez já tínhamos
Passado um pelo outro.