ANÁLISE POLÍTICA EM NICOLAU MAQUIAVEL, CONCEITOS DE FORTUNA E VIRTÚ.

*Sineimar Reis

Maquiavel apresenta uma visão de domínio político purificado de influências moralizantes e plenamente consciente dos fundamentos da política no exercício efetivo do poder, como já mencionei na resenha anterior, Maquiavel centraliza em suas páginas de “O principe”, como os principados se organizavam nos dando uma série de conselhos para um governante conseguir conquistar territórios e mantê-los. Assim como nos foi dado para construir um debate sobre a obra de Nicolau Maquiavel com o assunto da Ciência Política para nos entender e pensarmos melhor a política hoje, o termo que foi proposto para nossa construção de conhecimento ao tópico introdutório da Ciência Política trouxe a visão de Maquiavel com as exigências da política da fortuna e virtù. Sendo assim a palavra italiana traduzida significa "virtude", e normalmente transmitia a conotação convencional da bondade moral, Maquiavel obviamente significa algo muito diferente quando se refere a virtude do príncipe. Em particular, Maquiavel emprega o conceito de virtú para se referir a forma das qualidades pessoais que o príncipe se acha necessário em adquirir para “manter seu estado” e para “alcançar grandes feitos”, os dois marcadores padrões de poder para ele. Isso torna brutalmente claro que não pode haver equivalência entre as virtudes convencionais e a virtu falsa. O pensador espera que os príncipes da mais alta virtude sejam capazes, em qualque situação de poder, de se comportar de uma maneira completamente maligna. As circunstâncias da regra política são muitas e que a crueldade moral nunca pode ser excluída do domínio das ações possíveis em que o príncipe pode ter que se engajar. O sentido de Maquiavel do que é ser uma pessoa de virtuosa pode ser resumido por sua recomendação de que o príncipe, acima de tudo, deve adquirir uma “disposição flexível”. Esse governante é mais adequado para o cargo, e também capaz de variar sua conduta entre bem e o mal, a virtù trata-se da capacidade do príncipe em controlar as ocasiões e acontecimento do seu governo, das questões do principado. O governante com grande virtù constrói uma estratégia eficaz de governo capaz de sobrestar as dificuldades impostas pela imprevisibilidade da história. Assim, o político com grande virtù observa na fortuna a probabilidade da edificação de uma estratégia para controlá-la e alcançar determinada finalidade, agindo frente a uma determinada circunstancia, percebendo seus limites e explorando as possibilidades perante a mesma.

No meu ponto de vista, Maquiavel vê a política como uma espécie de campo de batalha em escala diferente, pois ele destaca muito a estabilidade da virtù como uma forma de manter a paz e estabilidade do principado. Então a virtú acaba sendo ligada a noção de poder de Maquiavel. O governante virtuoso é obrigado a ser competente na aplicação do poder; possuir virtude é, de fato, ter dominado todas as regras relacionadas com a aplicação efetiva do poder, virtù é o poder político que a virtude convencional é para aqueles pensadores que supõem que a bondade moral é suficiente para ser um governante legítimo, ou seja a chave para o sucesso na política.

Já a Fortuna diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e às necessidades do mesmo: a sorte individual. Para Maquiavel é a ordem das coisas em todas as dimensões da realidade que influenciam a política. Observa-se que a Fortuna não pode ser vista como um obstáculo ao governante, mas um desafio político que deve ser conquistado e atraído. Assim, para chegar ao assunto central da proposta do módulo, qual é o conceito entre virtù e o exercício efetivo do poder para Maquiavel? A resposta está claramente neste conceito abordado para pensarmos a política é a fortuna, que significa Estado forte, a fortuna pode ser compreendida como inimiga da ordem política e uma ameaça a segurança e proteção do estado. Pode dizer que com virtude e fortuna são uma das formas de aquisição do poder, ms se não souber usá-las, elas não há de garantir estabilidade, Para Maquiavel a fortuna poderia ser controlada para o benefício do príncipe e introduz a virtù política como astúcia e capacidade para adaptar-se às circunstâncias e aos tempos, como ousadia para agarrar a boa ocasião e força para não ser arrastado pelas más e a Fortuna como um problema a ser enfrentado e dominado pelo príncipe.

A discussão da fortuna feita por Nicolau Maquiavel propõe duas analogias para entender a situação humana sobre a política, ele afirma que a fortuna se assemelha “a um de nossos rios destrutivos que, quando está zangado, transforma as planícies em lagos, joga as árvores e edifícios, retira a terra de um lugar e a coloca em outro; todos fogem antes do dilúvio; todos cedem à sua fúria e em nenhum lugar a repelem ”. No entanto, o furor de um rio furioso não significa que suas depredações estão além do controle humano: antes que cheguem as chuvas, é possível tomar precauções para desviar as piores conseqüências dos elementos naturais. . "As mesmas coisas acontecem com a Fortuna", ou seja, ela mostra seu poder onde a virtude e sabedoria não se preparam para resistir a ela, e dirige sua fúria onde ela sabe que não há diques ou aterros prontos para segurá-la. A fortuna pode ser resistida por seres humanos, mas apenas naquelas circunstâncias em que “virtù e sabedoria” já se prepararam para sua inevitável chegada. a Fortuna não é uma figura política a ser desprezada pelo governante, mas sim conquistada, administrada através dos preceitos da Virtù. Nesse sentido, mesmo sob certa determinação histórica, o príncipe, desde que com Virtù pode garantir sua liberdade dessa dominação e estabelecer seu principado de forma estável sem a interferência da fortuna.

Maquiavel reforça a associação da fortuna com a força cega da natureza, explicando que o sucesso político depende da apreciação dos princípios operacionais da fortuna. Sua própria experiência lhe ensinou que “é melhor ser impetuoso do que cauteloso, porque fortuna é uma mulher e é necessário, para mantê-la subjugada, espancá-la e espancá-la”. Em outras palavras, fortuna exige uma resposta violenta. daqueles que a controlariam. “ela costuma deixar-se vencer por homens usando esses métodos do que por aqueles que procedem com frieza, portanto, sempre como uma mulher, ela é amiga de jovens, porque eles são menos cautelosos, mais espirituosos e com mais ousadia para dominá-la ”.

O comportamento arbitrário de Fortuna exige uma resposta agressiva, até mesmo violenta, para que ela não se aproveite daqueles homens que estão se aposentando ou "efeminados" para dominá-la.

No entanto, o desenrolar de sua exposição mostramos, com toda clareza, que se trata de uma concordância meramente estratégica. Concorda para pode desenvolver os argumentos da discordância. Assim, após admitir o império absoluto da Fortuna, reserva poucas linhas a seguir, ao livre-arbítrio pelo menos o domínio da metade das ações humanas. E termina o capítulo demonstrando a possibilidade da Virtù conquistar a Fortuna. Assim, Maquiavel monta um cenário no qual a liberdade do homem é capaz de amortecer o suposto poder incontrastável da Fortuna. Ou melhor dizendo, ao se indagar sobre a possibilidade de se fazer uma aliança com a Fortuna, esta não é mais um a força impiedosa, mas uma deusa boa, tal como era simbolizada pelos antigos. Ele é mulher, deseja ser seduzida e está sempre pronta a entregar-se aos homens bravos, corajosos, aqueles que demonstram ter Virtù.

Os comentários de Maquiavel apontam para várias conclusões diferentes sobre fortuna e seu lugar em seu universo intelectual. Ao longo de seu corpo, fortuna é descrito como uma fonte primordial de violência (especialmente dirigida contra a humanidade) e antitética à razão. Assim, Maquiavel percebe que apenas a preparação para dar uma resposta extrema às vicissitudes de Fortuna garantirá a vitória contra ela. Isto é o que a virtù oferece: a capacidade de responder à sorte a qualquer momento e de qualquer forma que seja necessária.

CONCLUSÃO

O trabalho procurou destacar a grande relevância dos dois principais conceitos da filosofia política de Maquiavel, a Virtù e a Fortuna. Resultado de um pensamento efetivo dos assuntos de estado, Maquiavel expressa através destas variáveis as necessidades de um governante na obtenção e manutenção do poder, sem influências do moralismo tradicional, medieval. Buscou compreender os conceitos de Virtù e Fortuna para compreender o sentido (moderno) da política e apontar os caminhos daquilo que ele entendia ser o “bom governo”. A partir da citação “Fortuna e virtù, esses foram os termos empregados por Maquiavel para interpretar os dois pólos em torno dos quais giram o sucesso e o insucesso das ações humanas. Ao longo de toda sua obra eles se repetem, sugerindo que devemos sempre estar atentos a seu aparecimento e a seu significado para a compreensão do acontecimento que estamos analisando” (BIGNOTTO, Newton. Maquiavel. Ed. Zahar: São Paulo, 2003, p.24).

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1996. (Capítulos: I, V, IX, X).

Sineimar Reis
Enviado por Sineimar Reis em 13/08/2018
Código do texto: T6418165
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.