"RETALHOS"

No silêncio a alma rasgada,

por suas próprias mazelas;

Acaso aquela manhã infeliz,

ao nada o transportara;

Pudera o tempo,

ser mais vil

que de costume;

Quanto mais a vida,

em seu destino precário;

Atrás de seu óculos escuro,

Uma legião de vampiros;

Apagados, cinzentos;

Hora tínhamos tudo

E éramos ricos

Apenas com um lençol,

Nosso suor e a pele;

Hora de mãos vazias,

Nada tínhamos,

E seguíamos de preto

Pelas cidades mortas

Da minha alma em retalhos;

Tão pobres feito um bicho,

Que mal se alimenta.

Pelos lugares vazios,

Pelo chão

e pelo sofá;

Por suas frequentes ilusões;

Feito um bárbaro

Que engole a dor;

Um Deus feito de massa;

Ou um cristo de isopor.

(Edmilson Cunha) 09.08.18

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 09/08/2018
Reeditado em 13/06/2021
Código do texto: T6414151
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