BLUE (DESBOTADA)

Àquela altura,

a porta se fechara;

aquele azul desbotado

perdera a graça,

feito um perfume

que destoa a essência,

antes da noite acabar.

suas notas falsas

embalavam

a canção do radio,

suas juras mal cumpridas.

Andava,

por seus lugares vazios;

momentos pequenos,

jogados,

pelo chão da sala

e pelos piores lugares

que já estive;

lugares vazios mesmo,

que não traduziam

nada mais.

Num tiro de desespero,

quebrou o silêncio

da sua própria ignorância,

tentando encenar

o personagem de sempre.

Tão em vão.

Tão sem graça...

Era um azul desbotado agora.

tentava ser o sol, a lua.

E reaver, silenciosamente,

tudo que perdeu.

em vão.

Ainda se usava

das mesmas peças,

como se a cena

fosse a mesma.

Depois andei

um pouco mais,

e nem o vazio de suas noites,

nem o tom de sua voz;

seus nudez,

seus cacos estilhaçados,

nem isso não serviu.

Nem a lua,

nem os versos,

promessas invertidas

desbotadas

no seu próprio azul.

De repente tudo,

simplesmente

apagou-se. Blue!

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 27/07/2018
Reeditado em 27/07/2018
Código do texto: T6401452
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