Lembranças do passado... senta que lá vem história

Lembranças do passado... senta que lá vem história!

Nasci em Indaiatuba no dia 27/11/62, mas passei maior parte da minha infância num vilarejo chamado Cardeal no estado de São Paulo, onde meus pais trabalhavam na lavoura e na maioria das vezes, plantando tomate. Meus pais nasceram de famílias tradicionais do local, onde a maioria das pessoas eram parentes ou agregados. Não sei quantos moradores haviam em Cardeal na época de meus pais, mas na minha infância, penso não passar de 500 moradores, pois era um vilarejo com apenas 3 ruas, de no máximo 1 quilômetro de distância entre o começo e o fim da rua, com casinhas simples e quintais que eram verdadeiros pastos, com gados, porcos e galinhas, mas também com grandes pomares... sem contar as hortas.

Havia somente duas "vendinhas", que eram o bar do "Inho" ou "Zico" e a venda do "seu" Zé Nagassi, onde podíamos comprar alguns produtos do tipo: sal, açúcar, café, fósforos, palha de aço, cera etc, etc e é claro, doces e balas para as crianças. Não havia lojas de roupas ou calçados. Para isso tínhamos que ir para as cidades vizinhas. A principal diversão comunitária era ir dançar no salão da igreja, depois da missa e assistir futebol aos domingos, onde meu pai também jogava e ajudava a organizar. Enfim, Cardeal era um lugar pacato, (e ainda é) onde todos se conheciam. Seu chão, de terra vermelha, enlouquecia as donas de casa quando tinham que lavar suas roupas e limpar suas casas com sabão caseiro. Acreditem! Era um inferno mesmo! Rsrs

Não tenho ideia da idade que eu tinha, mas minhas primeiras lembranças são com meu pai e nelas me vejo saindo do meu berço logo de manhãzinha e quase que escalando, eu subia com dificuldade na cama de meus pais que ficava ao lado da minha e tentava acordá-lo fazendo-lhe cócegas e pulando em cima dele, para depois ouvir suas histórias. Às vezes minha mãe ainda dormia ao seu lado e ele cantava: "acorda Maria Bonita, levanta e vai fazer o café, que o dia já vem raiando e a polícia já está em pé". Mais tarde eu descobri que essa música foi inspirada na história de Lampião e Maria Bonita... os famosos aventureiros do sertão ou aquela velha história do nosso Robin Wood brasileiro... rsrs.

Enquanto minha mãe fazia o café, eu ouvia as histórias de seus tempos de criança ou histórias infantis cheio de fantasia. Ou quando não, ele contava seus planos para aquele dia. Esses preciosos momentos sempre terminavam com muitos risos e gargalhadas geradas pelas nossas "lutas", (as quais ele sempre me deixava vencer) ou pelo martírio das cócegas que ele me fazia como "castigo" (dos quais eu tentava fugir desesperada ou revidava "lutando" com ele).

Às vezes a folia matinal era tanta que acordava meu irmão Sidney que se juntava a nós o que deixava minha mãe quase louca e irritada gritava da cozinha -Pára Dito!! - fazendo com que minha irmã Irani fosse logo pra cozinha ajudá-la. De todas as horas do dia, esse momento era o meu favorito, por me sentir feliz e amada por aqueles que sempre foram a base do meu mundo.

Márcia da Costa Larangeira

PS. Se você gostou escreva um comentário. Assim sendo eu talvez continue escrevendo e contando minhas lembranças.