ALLAN KARDEC E O ESPIRITISMO

ALLAN KARDEC E O ESPIRITISMO

Foi em 1854 que o senhor Rivail, por primeira vez, ouviu falar nas mesas girantes, de inicio do senhor Fortier, magnetizador, com quem estabelecera relações, em virtude de seus estudos sobre Magnetismo. Uma notícia extraordinária dada pelo senhor Fortier, afirmando que conseguia fazer com que mesas girassem como também se consegue fazê-la falar. Pergunta-se e ela responde. Kardec ficou muito cético sobre aquela noticia de Fortier e pensou: “essas mesas devem possuir cérebros, nervos para sentir, e se tornar sonâmbula, mas me dê permissão de não enxergar nisso senão uma fábula para provocar sono”. Sempre quando essa notícia chegava ao seu conhecimento, ele procurava despistar, mas nunca, porém, deixou de pedir provas e querendo ver, e observar para acreditar em tais fenômenos.

O fenômeno das mesas girantes e falantes se espalhava e já faziam parte de shows. A partir de: (1854 a 1856), a vida do senhor Rivail toma novo rumo e fica obscurecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, que ficou bastante impressionado e ansioso, para descobrir tais fenômenos. Sempre dizia que não aceitava que uma mesa tivesse a capacidade de falar e isso não cabia em seu cérebro. Pessoas dignas e honradas presenciavam tais fenômenos e cada vez mais chamava a atenção de Kardec. No ano que se segue, isto é no começo de 1855, Kardec encontra o senhor Carllotti, seu amigo há mais de vinte e cinco anos, que esmiuçou esse fenômeno por mais de uma hora, com o entusiasmo que le emprestava a todas as idéias novas. Esse estudo que mereceu de Kardec uma atenção especial. Surgiu tão somente no século XIX, a partir da época habitualmente tomada como marco inicial da História do Espiritismo é conhecida como o das “mesas girantes”, imediatamente precedida pelos fenômenos produzidos, a partir de 31 de março de 1848, na cidadezinha de Hydesville, nos Estados Unidos, por intermédio das irmãs Fox.

Não se isso tem várias explicações, mas nenhuma delas parece satisfatória, nem pode ser aceita pela unanimidade da humanidade. Em particular porque além dos animais humanos se considerarem racionais, sendo a racionalidade, segundo crenças muito antigas, uma espécie de superioridade com relação aos demais animais, cada um dos seres humanos se considera superior aos demais seres humanos, ou mais racionais que os demais. Isso pode parecer astucioso, porém é pouco inteligente.

O fato é que enquanto todos os animais parecem ter funções naturais, o homem parece ter apenas enormes presunções. Essas presunções fazem-no acreditar que tem mais do que função natural, mas um destino superior, que alguns alucinados acreditam estar escrito nas estrelas. Outros no interior de animais dissecados em rituais macabros em pedras, rochas e conchas, ou ainda em pessoas que escutaram ou escutam vozes que atribuem a divindades, e a crença e a tradição afirmam serem certas, porque estão escritas em livros antigos ou recentes. De deixar de mencionar, entretanto a figura mediúnica de Emmanuel Swedenborg, que Artur Conan Doyle, na sua História do Espiritismo (Editora/Pensamento). Propõe seja considerado um dos pioneiros a anteceder a invasão dos Espíritos na Terra, não só por ter sido um médium vidente de grande potencialidade, mas, também, pela verdadeira antevisão da Doutrina Espírita em que se constitui a teologia por ele idealizada. Swedenborg, sueco, engenheiro de minas, autoridade em Metalurgia, Física e Astronomia, zoólogo e anatomista, em abril de 1744, em Londres, onde passara a residir e viveu até à morte - vinte e sete anos depois, tendo estado em contínuo contato com o outro mundo.

Ele descreveu o outro mundo como constituído de esferas, onde a estruturação da sociedade se faz de modo semelhante à deste mundo. Os anjos e demônios eram seres humanos que haviam vivido na Terra, respectivamente almas altamente evoluídas e Espíritos retardatários. Afirmou a pluralidade dos mundos habitados e a inexistência de penas eternas, bem como outros pontos de viva semelhança com a doutrina espírita, como o principio da afinidade entre os Espíritos. Mas, por outro lado, falha era sua exegese bíblica. Águas divisórias profundas em relação ao Espiritismo, todavia, foram estabelecidas pela Nova Igreja, ou Igreja da Nova Jerusalém, fundada pelos seguidores de Swedenborg, hoje pouco numerosos, cerca de dez mil, espalhados pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha. Isso explica o franco antagonismo entre a Igreja Swedenborgiana e o Espiritismo, que se observa desde o século passado.

O fato mais conhecido relativamente à mediunidade de Swedenborg é aquele em que, estando em Gothenburg, observou e descreveu em incêndio em Estocolmo, quase quinhentos quilômetros de distancia, com perfeita exatidão, que foi comprovada pelo filosofo Kant, seu contemporâneo. Swedenborg estava num jantar com dezesseis convidados, o que é valioso testemunho. Os principais manifestantes por via mediúnica eram Espíritos de uma tribo de aborígines norte-americana (Peles Vermelhas). Os “SHAKERS”, quando sob sua influência psíquica, falavam a língua deles e dançavam as suas danças. Conan Doyle e F.W. Evans chegaram as seguintes conclusões: “1- A coisa era verdadeira; 2- o mais humilde Espírito pode trazer informações sobre a vida além da morte, baseado na sua própria existência; 3-os índios (Espíritos manifestantes) não tinham vindo ensinar, mas aprender. Por isso, passaram a catequizá-los, durante cerca de sete anos”. Quatro anos após esses episódios surgiram os fenômenos de Hydesville que prenunciaram a prometida “invasão” de Espíritos na Terra. Já era o ano de 1844, e foi nesse mesmo ano que se acentuaram a faculdade psíquica de Andrews Jackson Davis, jovem sensitivo e que vivia nos arredores de Nova York, nos EUA. Franzino, mentalmente apoucado, André Davis começava, a ter poderes psíquicos em franco desenvolvimento nos últimos anos de sua infância. Ouvia vozes, que lhe davam bons conselhos, quando se encontrava no campo. Quando sua mãe morreu, teve uma visão da casa em que ela passaria a viver, segundo lhe pareceu. Com seu dom de clarividência (Que vê com clareza; atilado, esperto; prudente, cauteloso).

O fato marcante de sua vida, porém, ocorreu na tarde de seis de março de 1844, quando, em estado de semitranse, foi tomado por uma força, que o fez voar da pequena cidade de Poughkeepsie, onde vivia até umas desconhecidas montanhas agrestes. Ai recuperou a consciência e encontrou dois anciãos, com os quais entrou em íntima e elevada comunhão, com eles dialogando medicina e moral. Já na casa dos Fox, que eram metodistas, residiam o casal e duas filhas: Margareth, de 14 anos, e Kane, de onze. Os antigos inquilinos da casa já se queixavam de estranhos ruídos que costumavam ser ouvido ali. Somente no ano seguinte ao da chegada dos novos moradores, esses ruídos começaram a ser notados pela família Foz. A partir de março de 1848, passaram a aumentar de intensidade, Ora em espécies de arranhões nas portas e paredes, ora batidas e noutras ocasiões, barulhos semelhantes aos de móveis ao serem arrastados. Freqüentemente era tão forte a vibração sonora que as camas tremiam e até se deslocavam no chão, alarmando Kate e Margareth, que perdiam a coragem de dormir no seu quarto e, então, pediam para ficar no dos pais.

O casal Fox investigou o fenômeno de todos os modos possíveis, mas nada descobriu quanto à causa desses ”raps” (batidas) e “noises” (ruídos). Kate, a mais nova das irmãs, teve então uma idéia de desafiar aquela força invisível, convidando-a a repetir o que ela fizesse e obteve surpreendente sucesso. Bateu palmas e, em resposta, ouviu idênticas palmas, ou melhor, tantas batidas quantas haviam sido as palmas. Foram formuladas perguntas em que se formulavam hipóteses a serem confirmadas, se fosse o caso, pelo desconhecido, mediante duas batidas Perguntaram para o desconhecido dizer qual a idade de seus filhos e obtiveram respostas completas, por meio de do correspondente número de batidas, produzidas sucessivamente, em relação a cada filho. É um ser humano que responde tão corretamente? Não houve resposta. É um Espírito? Se for dê duas batidas. Imediatamente, fizeram-se ouvir as duas batidas. O relatório dos diálogos na referida noite de 31 de março, ouvidos na casa de Mr. John Fox, em Canandaigua, Nova Iorque, eram de um mascate de nome Charles B. Rosma, que fora assassinado por Mr. Bell, antigo ocupante da casa, e enterrado na adega. A mediunidade das irmãs Fox passou a ser divulgada pela apresentação das mesmas em excursões mediúnicas para o público em várias cidades. A primeira foi feita pelas irmãs Fox, aos 14 de novembro de 1849, no Corinthian Hall, o maior salão de Rochester. A Igreja, a imprensa e a religião criaram grande celeuma tentando derrubar tais comunicações com auxílio da irmã Lai (Leah) casada e conhecida como Mrs. Fish.

Para agredir esta, Kate teria firmado uma declaração, confessando fraude na prática dos fenômenos psíquicos, admitindo apenas a autenticidade das batidas, isto em 1888, ou seja, quarenta anos depois. Um ano após, em entrevista publicada na imprensa de Nova Iorque, em 20 de novembro de 1889, Kate se retratou, iniciando-se com estas palavras: “Praza a Deus que eu possa desfazer a injustiça que fiz à causa do espiritismo quando, sob influencia psicológica de pessoas inimigas dele, fiz declarações que não se baseiam nos fatos”. Mentiu para a imprensa, para a religião e para os inimigos do Espiritismo. Voltando os fenômenos das mesas girantes o professor Rivail no mês de maio de 1855, tendo ido a companhia de Fortier, à casa da sonâmbula Sra. Roger, lá encontraram o Senhor Pâtier e a Senhora Plainemaison, que lhe falaram desses mesmos fenômenos, num tom diverso do arrebatado Carlotti, com muita seriedade e ponderação.

Bem impressionado Kardec aceitou o convite para assistir às experiências que se realizavam em casa dos Plainemaison, à Rua Grange-Batelière, 18, a reunião foi marcada para certa terça-feira de maio, às oito horas da noite. As testemunhas os insólitos fenômenos, Denizard Rivail entreviu neles qualquer coisa de sério, que merecia ser estudada. Fez bastantes experiências em presença de pessoas sérias e médiuns, nas quais as duas jovens Baudin atuavam com médiuns. As médiuns mencionadas escreviam as instruções dos Espíritos numa ardósia (rocha rudimentar cinzento-escura ou azulada, levemente metamorfizada, de granulações finérrimas, separáveis em lâminas resistentes, cujos planos independem do plano de estratificação original, e com que se cobrem casas, lousa).

Isso depois da constatação de Kardec de que uma força que não a do homem movia aquelas mesas recebeu inúmeras psicografias na época e levou firme a sua decisão de estudar através da ciência da existência do mundo espiritual. Todos nós temos um Espírito protetor e com Allan Kardec não seria diferente, Zéfiro um seu Espírito protetor, lhe revelou, numa comunicação pessoal, que o havia conhecido, numa encarnação anterior, nas antigas Gálias, onde ambos estiveram escarnados em meio aos Druidas. Sugeriu-lhe adotar o nome que então tivera em encarnação passada, Allan Kardec, como reencarnação passada, para assinalar a autoria dos seus trabalhos como Codificador do Espiritismo. Aceita a sugestão, assim a posteridade passou a conhecer e venerar o grande mestre.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 25/08/2007
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