João, setentao !

João, setentão,

valentão,

brigão,

bom de violão,

veio ao mundo para criar uma tremenda confusão.

Seus pais, José e Rosa -

ela, filha de um coronel do sertão

e ele, farmacêutico da Marinha

conheceram-se em Cajazeiras.

Nasceu num sítio lindo

cheio de mangas rosa

que caíam - feito chuva,

no chão.

Aos 13 dias de nascido

veio para o Rio de Janeiro

num navio cargueiro -

e não teve medo, não.

Seu padrinho -

Salviano Leite,

futuro senador da Republica,

que viajava na mesma embarcação -

de quando em vez,

bisbilhotava sua cabina

e exclamava, aliviado:

" ... o menino ainda está vivo ! "

Consta que seu umbigo

foi jogado às águas do Espírito Santo.

Chegando ao Rio

foi recebido no caís do porto

por Aca e Anuar,

seus primos

queridos.

Morou em Olaria,

e no Pedregulho

na casa de tia Cecy.

Depois foi para São Cristovão -

residir numa casa linda

com azulejos azuis

na fachada.

Na rua

jogava peladas

e soltava pipas coloridas.

João,

suburbanão,

batia um bolão

contra o time do morro do Tuiuti.

Após um tempo

foi residir em Copacabana,

a princesinha do mar.

E lá vai João !

de sandália havaiana

e bermuda colorida

passear no calçadão.

Apreciava as meninas bonitas -

que passavam de biquine

e assoviava uma canção.

E assim

nasceu a música e o amor

no seu coração.