Minha vida é um livro aberto....

COM CERTEZA QUANDO OUÇO ESSA MÚSICA.... A SAUDADE BATE...

Os verdes campos da minha terra...

Quando chego na estação ferroviária, era exatamente a música do Agnaldo Timóteo, mostrando a beleza dos verdes campos da minha doce terra natal, Martinópolis, que antigamente se chamava José Teodoro, o verdadeiro fundador da cidade, mas assassinado pelo seu inimigo que logo a seguir mudou até mesmo a cidade de nome, em homenagem a um fazendeiro rico da região João Gomes Martins, que assim a cidade já quando nasci se chamava Martinópolis, uma cidade simples mas linda e tão maravilhosa e quando volto para visitar os meus parentes ainda vejo que nada mudou...

A Igreja matriz Santa Bibiana, onde por muito tempo o pároco foi Padre João Schnaider e posteriormente o padre Jorge, que um dia me perguntou se eu queria ser padre:-

- Porque você não quer ser padre como eu???

- Dizem que todos os padres são capados como os porcos, para não procriar!!!

- Nada disso, mentira a gente faz um voto de castidade, mas tem o pênis e tudo isso é mentira, meu filho!!!

Aquele convite nunca me apeteceu, afinal era devoto de N. S. Aparecida devido a devoção da minha querida mãe ir a missa todos os dias quando mudamos para a cidade, e ficava a duas quadras da igreja matriz e na mesma avenida atrás da igreja, e eu a acompanhava e aprendi a orar todas as orações, principalmente a Ave Maria e o Padre Nosso, também a Salve a Rainha, quando fiz a primeira comunhão dai fui um bom católico frequentando e confessando e comungando todos os domingos nas missas das 8:00 horas da manhã...

Foi assim que com certeza a Santa me deu mais uma chance de ficar por aqui pois aos dezessete anos tive peritonite por rompimento de dois pontos no estomago e tive que retirar 2/3 da capacidade do meu estomago, mas já morava no Jardim da Saúde, na capital pois mudamos para São Paulo, devido o meu pai que é nissei vir a ser tradutor do Consulado Japonês no Brasil, e ficou responsável na colocação de imigrantes técnicos para o mercado industrial brasileiro...

Nessa época o meu inglês era razoável, e assim fizemos eu e ele um mini dicionário técnico para os japoneses poderem entender e falar aqui no Brasil com esse dicionário, em japonês, português e inglês de forma que 3000 verbetes mais comuns para se comunicar fosse uma maneira prática entre os interlocutores poderem se entender...

Mas antes de vir para São Paulo, aos 11 anos estava eu estudando pela manhã, no curso ginasial, e as 11 horas terminava o curso e as 12 horas após o almoço corrido já estava trabalhando num escritório de despachante na cidade, as 14 horas ia autorizado pelo meu chefe para um curso de datilografia até as 15 horas, voltava ao trabalho no escritório, e saia as 18 horas corria para a escola noturna de Contabilidade e assim depois das 23 horas saia da aula e ia jantar tomar o meu banho e dormir para uma nova rotina no dia seguinte... uma loucura para os demais, mas para mim era uma diversão e como era uma maneira de ganhar o meu dinheiro e me sentir útil a toda família e a mim como idealista de que trabalhar é maravilhoso e estudar é sempre uma necessidade...

Acredito que foram os melhores anos de minha vida, mas claro não me sobrava muito tempo para o lazer mas mesmo assim tive a chance de conhecer lindas amigas que foram maravilhosas e me ensinaram muito mais do que eu a elas, afinal era muito tímido e para tirar a minha timidez foi muito tempo de gente me ensinando perder a vergonha de falar, pois sofria bulling na época com o sotaque e os erros de português que o caipira comumente está acostumado a dar palavras pleonasticamente viciosas tais como:-

- Vamos subir para cima!!!

- Não... vou descer para baixo!!!

Hoje longe dessa cidade, mas saudoso por momentos que passei e aprendi com alegria a amar e ser amado, mas acredito que ainda era tão inocente que jamais beijar era algo que jamais fiz e nem mesmo quando amei várias meninas nos cursos primários era vidrado por uma loira na escola e a irmã dela gostava de mim e eu gostava da irmã mais velha, coisas da nossa vida...

A cidade, foi assim o meu local de viver a minha infância e o começo da juventude, e muitas vezes voltei para visitar os parentes por um bom tempo e curtia as meninas da cidade, como visitante, namoros rápidos e alguns mais ousados, mas jamais me envolvi demais pois no interior os pais controlam as filhas e se engravidar com certeza é casamento na igreja ou a polícia e o aproveitador na cadeia...

Recentemente, ao voltar vi os meus primos já casados, e pais de filhos com 18 anos, e nunca tinha os conhecido tão modernos e estudando e outros já atuando no comércio da cidade, e até um deles é vereador na cidade como o meu pai foi em duas legislaturas, e eu dava a aula aos maiores de idade e os velhos que não sabiam ler ou escrever, na escola da prefeitura que a chave ficava disponível e assim a luz de lampião de querosene e todos aprenderam a escrever e eu claro pedi a eles tirarem o título e votarem para o meu pai, que ganhou com muitos mais votos do que na primeira legislatura, quando foi o primeiro suplente e assim se tornou vereador pois quem ganhou se mudou da cidade, e assim ele assumiu e fez uma demonstração de grande edil, que a próxima propaganda foi :- ESSE VALE POR DOIS!!!

Mas quando ele obteve esse emprego em ser Tradutor ganhando em dólares, doce ilusão, pois os 480 dólares que pagavam era quase igual a um salario mínimo, mas daí a minha mãe e eu montamos uma loja fotográfica que já era uma profissão em Martinópolis, do meu pai e ele me ensinou tudo sobre fotografia e dai segui a minha vida como fotografo por mais de 20 anos até me formar como engenheiro e dai seguir a minha função técnica e a fotografia ficou como hobby...

Como fotografo, pude conhecer o Sr. Abelardo Barbosa, ou depois o Chacrinha na TV Excelsior, canal 9 e onde por ter feito 25 cartões de visita de presente a ele com a foto dele de cartola e terno espalhafatoso e abaixo de seu nome RADIALISTA, pois assim que chegou do Rio de Janeiro a São Paulo trabalhava anteriormente como radialista no Rio, na Rádio Nacional que eu era fã das novelas radiofônicas, tais com Jerônimo o herói do sertão, Radar o homem do espaço...

Assim também conheci a família Diniz que ainda tinham acabado de sair da feira e tinham montado a doceiria Wells na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, e fui fazer uma reportagem para um sobrinho que se casava e era comerciário, e assim pude conhecer Sr. Santiago Diniz e sua família ainda de meninos Abílio, João e Marcelo e mais duas filhas ...

Na rua Santo Amaro tivemos uma loja fotográfica onde fazia as fotocopias da empresa do Sr. Senor Abravanel, ou Silvio Santos, que começava a crescer com a sua empresa o Baú da Felicidade, vendendo em 10 prestações a Caneta tinteiro Schaffers, e a primeira prestação era do vendedor e as 9 do Baú...

Acredito que pude perder aos poucos a minha timidez e assim desenvolver a minha cara de pau que hoje não temo em defender as minhas ideias e as minhas decisões de fazer o que acho que devo fazer e ser autentico em tudo que faço...

Somos eternamente gratos a meus amigos que me deram tanto apoio quando chegamos a capital e como nada conhecia, fui muito bem amparado por colegas que me deram atenção para que aos poucos me tornei um bom conhecedor de São Paulo, por oito anos me tornando vendedor de materiais fotográficos durante um bom tempo também quando estudava na Universidade da PUC-FEI, assim nas horas vagas se não estivesse atuando no Setor de Bolsas financiadas pela própria faculdade, e pagar após formar e por ter atuado junto ao setor o Diretor Paulo Mathias, me permitiu pagar sem juros e sem correção monetária e os 5 anos paguei em apenas 01 ano de trabalho na Constanta Eletroctécnica do Grupo Philips, onde atuei por 3 anos e posteriormente fui ser Gerente de Fabrica na SANO SA. Inaugurando a fábrica de Votorantim...

Minha vida tem sido maravilhosa, cheia de desafios, mas jamais desisto, vale a pena sempre tentar!!!