Trecho do Diário da Solidão. Dia 33.
Hoje pela manhã resolvi caminhar um pouco, mas dessa vez eu não fui pela beira da praia, decidi adentrar na mata é explorar um pouco, sempre faço caminhadas matinais, mas nem sempre no interior da ilha, hoje pela manhã resolvi desbravar o interior da ilha e fiz grandes descobertas que eu mesmo demorei para assimilar, descobertas que me fez ter uma ponta de esperança, que fez ver que talvez o impossível possa de fato acontecer; eu já havia falado da entrada da mata no final da praia próximo aos rochedos, mas não foi por ali que fui, dessa vez tomei outro caminho.
Resolvi tomar o caminho oposto, o do outro lado, no outro extremo da praia, no lado em que o sol nasce, não há pedras ali, apenas a mata, a diferença em relação ao outro lado é que nesta parte as árvores são bem mais altas, de forma que é possível caminhar no interior do mata tranquilamente, no outro lado há muitos arbustos, é difícil caminhar sem ter um bom facão em mãos, aqui não há necessidade de nada, parece até com algumas partes da Itália, um amigo meu, tem uma propriedade nas proximidades de Gênova, e lá há muitas matas, muito semelhantes a essa aqui.
Tomei um caminho reto, não demorou muito e encontrei um pequeno riacho, de águas cristalinas, provei daquela água, que por sinal é maravilhosa para se beber, havia pequenos peixes naquele riacho, passei então a seguir o pequeno riacho que ia ilha adentro, eram ainda nove horas da manhã, caminhei um pouco mais, quando de repente ouvi um barulho estranho, como de fosse de uma pequena queda de água, aproximei um pouco mais, o som ficou mais forte, agora parecia o barulho de uma roda d'água, na Itália tem muito disso, aproximei um pouco mais. Foi quando o inesperado aconteceu, foi quando meus olhos não quiseram crer no que estava diante de mim, a princípio, uma roda de água coberta por uma pequena casinha de telhas vermelhas, e um sistema de encanamento de água que ia na direção, acreditem, de uma bela casa, feita de madeira e tijolos, uma belíssima casa, não era velha, e não havia sinal de estar abandonada, muito pelo contrário, era uma casa muito bem cuidada por sinal, um espaço ao redor da casa muito bem limpo, era possível ver pelo vidro da janela da casa que havia móveis lá dentro. Aproximei um pouco mais, andei ao redor da casa, na parte da frente havia um belíssima varanda, toda enfeitada, e o que mais chamou a minha atenção eram as belas flores que haviam ali, flores que me fizeram sentar ali mesmo, no meio do quintal, e chorar, sim eu chorei, havia dois tipos de flores, Tulipas vermelhas e uma espécie rara de rosas negras, as duas flores prediletas do meu anjo ledo, flores que ela fazia questão de ter, será que por algum milagre do acaso aquela casa era do meu anjo ledo? será que ela estava assim tão próxima de mim? Será meu Deus? Essa seria minha missão, sondar a casa e descobrir se realmente era do meu anjo ledo.
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Meu coração bate perdidamente apaixonado, desde o dia em que te viu pela primeira vez, antes daquela tarde eu era completamente cego para o amor, mas naquela tarde os meus olhos se abriram para o amor, a sua presença e o seu perfume suave fizeram um milagre em mim, fez o amor nascer em meus olhos e em meu coração.
Hoje já não sei viver mais sem os teus beijos, sem os teus toques, sem o calor de seu corpo, hoje, o meu coração em ritmo frenético já não bate dentro do peito, mas apanha dentro lentamente, o amor é forte e inexplicável, é o amor que move os barcos das nossas vidas neste oceano sem fim.
O amor é a forma mais bela e mais livre de se viver, mesmo que a vida em si pareça uma prisão, amar é viver um pedaço do céu aqui na terra. O amor me fez voar mesmo sem eu ter asas, o amor me fez sonhar mesmo estando acordado, o amor me fez cantar mesmo não conhecendo a música, o amor me faz caminhar sem nunca me cansar.
O meu coração bate perdidamente apaixonado, desde o dia em que o brilho de seus olhos acendeu uma luz dentro da minha escuridão. O seu nome é uma canção em meus ouvidos, é o melhor dos perfumes, é ainda mais, é as asas de um anjo ledo que me leva às mais altas nuvens.
O amor é como uma flor que um dia sonhou em ser uma borboleta, ou talvez seja uma borboleta que um dia sonhou ser uma flor, afinal; " Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar."