Solução pro Lução?
A gozação era de regra, como sói na incerteza de nossa cultural macheza. Invariavelmente, num videozinho rápido e, não raro espirituoso, era o Lúcio Rodrigues mostrado blaterando em voz alta, gestos veementes, e modos teatrais, contra, ou a favor, de alguma coisa. E nem sempre coisa com coisa.
Mas pouco importava. Lução jamais desapontava. Desbocado, ma non troppo. E comunque, sempre allegro! E graça de graça passava. Ninguém a ele, o óbulo negava. Era de regra. E sentado em sua mesa, solitário, o Lução curtia, com a bebida, em sua solidão, Lução se consumia, e paradoxalmente, da dor renitente, se comprazia . Ou ao menos parecia.
Há coisa de três dias, foi enterrado em sua cidade natal, nossa Velha Serrana, já quase imemorial. Muita comoção, como são esses eventos fatídicos que nos pegam no contra-pé. Um câncer galopante, uma resistência lancinante, e ei-lo pronto para a eternidade.
Pouco sei da trajetória de Lução, mas pela continência que lhe prestam colegas, amigos, conterrâneos, sei que sua vida importava. Sua atitude estóica diante de tanta adversidade inebriava. Queria que estivesse aqui entre nós o Quildário, Raimundo Quildário, filho de Mário Venâncio, inesquecível e incomparável cronista dos modos, tipos, vivências e sobretudo personagens de nossa Pitangui para nos fazer a pesquisa e nos dar o seu depoimento, circunstanciando, definindo e louvando mais um que se vai, mas cuja lembrança jamais se esvai.
Vaya con Diós, Lução. Em nossa memória você é história.