Visitando meus diários
Feira de Santana_ Bahia , 17 de fevereiro de 2015.
Mãe
Daqui até o dia 24 de fevereiro, eu nem sei da minha existência, ou da sua mãezinha!
A orientação é que deve tomar antibiótico e outros remédios até esta data acima citada.
Sinto-me um robô, que trilhou um caminho de puros espinhos, tentando equilibrar entre as pedras.
Quando penso que tudo vai se acalmar, o desequilíbrio se instala, surge o caos.
Fico pensando em como ficará a mente daqueles que de ti se aproximam para afrontar, para criticar e ameaçar.
Às vezes sinto como se fosse se tornar uma carniça e os urubus em volta, tentando usufruir da podridão fétida da alma humana.
Estou tão cansada mãe! Do abismo e do egoísmo principalmente.
No momento, as lágrimas escorrem o meu rosto, e cada gota de suor e lágrima provoca em mim calafrio, no momento é apenas isto que rege minha vida e me deixa aflita, pois não sei o que sinto na verdade...
Medo de perder você minha mãe?
Desejo de voltar no tempo e fazer o que a minha limitação humana não me permitiu?
Mãe, eu pergunto a Deus sobre a verdade, e a realidade que se mostra é que tudo que me moveu até agora foram sonhos e desejos.
Sinto querida mãe, que estou sozinha em meio ao oceano.
Vejo a sua voz ecoando por meio de gemidos sofridos.
Que me adianta comer, beber, ir à academia se meu gemido, a minha sede, a minha fome é de Paz de espírito?
Mãe, eu já fiz tudo que pude, e sei que agora é hora do descanso, hora de buscar a minha identidade, pois esta se perdeu várias vezes, primeiro quando percebi que eu não tinha de fato um pai presente, espera-lo era apenas sonho.
Se perdeu, quando a minha melhor amiga junto com sua família se mudaram da rua onde eu morava por motivos tristes e desoladores, ...
Se perdeu quando eu percebi que ciúmes e invejas destroem relacionamentos afetivos.
Se perdeu quando minha vó se foi.
Se perdeu quando saboreei o gosto da compreensão de que o amor pode não ser eterno e o fracasso matrimonial invade os lares.
Se perdeu quando o amor fraterno entre os irmãos invadiu a força matriz e a deixou tão triste mainha. Logo você que se intitula Rainha.
Se perde aos poucos agora mãe, quando olho para você, e sinto, vou precisar me reconstruir outra vez, pois mais uma vez perderei a minha identidade- Você!