Quando pisei pela primeira vez no Centro Obreiros Do Caminho Nena
Uma amiga, um dia vendo minhas angustia, tristeza, desilusão, sofrimento, me disse, vou te levar num lugar, mas, pode ser que se assuste.
Lá cheguei, lugar de pouca luz natural, apenas a luz das velas acesas, muita energia eu senti, entoavam algumas cantigas que eu desconhecia até então, e vendo a força que elas emanavam, pude perceber além do canto e do toque do atabaque.
Já se vão alguns anos, o tempo passou, mas realmente, quando aquelas cantigas que hoje passei a conhecer e respeitar, me dizem muita coisa.
O atabaque quando dá o primeiro som, estremecido, forte sinto na pele as ondas bater.
Cria em mim uma simbiose magistral, as ervas do descarrego e da defumação, a concentração, alguns entendem como ritual, eu entendo (porque sinto) como uma força maior vindo em nossa direção.
Uma força sem descrição, irradiada não por luzes e shows pirotécnicos, mas uma indução radiante, que paralisa o calor ou o frio, não importando se estamos no verão ou inverno.
E essa magia vai tomando conta de cada pontinho de mim, os chácras (segundo relatos lidos) vão se acoplando a energias sutis etéreas, mas de grande força mental espiritual.
Chegam primeiramente os pretos velhos e caboclos, depois os baianos, boiadeiros, ciganos, xamans, eres, exus e todos em festa pra mais um dia de trabalho, eles que fazem a caridade, nós apenas cavalos, que fique bem claro.
Cavalos apenas, não mais que isso, que dá passagem a falanges de trabalhadores do alto, emissários bondosos, benevolentes que mesmo sem o devido merecimento dos consulentes e não cabe aqui agora nenhum comentário relevante; dão o auxilio a filhos caídos, estropiados, desgostosos, sofridos...
Não importa de qual religião, de que parte da cidade, de qual classe social, se letrado ou analfabeto, se bonito ou feio, se bom ou mau.
Não importa Eles vem do alto, trazendo a chama do amor fraterno, aquele que o Cristo nos ensinou, nas várias epístolas e versículos grafados em vários livros sagrados.
Foi assim que uma querida amiga me apresentou nessa casa que tanto amo a nossa querida Umbanda, ela achou que eu teria medo, mal sabia ela que me apaixonaria de pronto.
E foi aqui no interior longínquo do estado de São Paulo, na cidade dos Araçás que encontrei nessa casa de oração, muita paz que me tornaram diferente.
Encontrei alguns trabalhadores voluntários novos, mais velhos, experientes e outros chegando, fui vendo alguns indo e outros voltando e me deu a certeza naquele primeiro dia, que algo mudaria pra sempre a minha vida.
Ali era o local adequado, ali eu iria aprender da magia das palavras, do emaranhado de energias, e a grandeza do congá.
Vi irmãos caírem, caí, vi irmãos se aproximarem outros se afastando, mas me mantive fiel aos meus princípios agora melhorados, pela verdadeira escola que ali encontrei.
Foi observando o que achava certo e errado, que fui aprendendo mais e mais, e hoje chego a seguinte conclusão:
Estou apenas no começo de uma longa caminhada, há muito que fazer, há muito aprender, há muito que me esforçar, há muito que me doar.
Enquanto vejo alguns se afastando por motivos diversos, estudos, trabalho, e os que mais escondem preguiça, me sinto na obrigação de seguir em frente, como disse observando o certo e o errado, sigo fazendo o que acho que é certo.
Mas não cansa me perguntaram um dia, cansa, e como cansa, e cansa mais ainda eu continuar como sempre fui, e não mover uma palha se quer pra aprender o que essa nossa querida Umbanda tem pra me ensinar.