E apareceu a Aparecida
Naquela manhã papai foi mais carinhoso do que o usual, ao nos acordar:
- Vam lá macacada. Vêm ver a nova irmanzinha docês.
E saltamos da cama num ótimo átimo. E lá tava mamãe, toda feliz, mais orgulhosa que uma galinha choca, ao lado da rósea belezinha de bebezinha. E que, ao que eu saiba, nem nome tinha. Não chorava nem ria, mas que era sadia, se via.
E a época era de chuva, como chovia antigamente, fosse de enxurrar, ou só de garoar. Só que naquele 14 de novembro de 1957, foi o sol que pegou a brecha.
E com pouco já estávamos na rua, Beu e eu, seguindo os passos botinudos de papai rumo ao Migué de Souza, que ficava um tanto retirado do povoado do Brumado. Mano Zé, que havia perdido o trono da caçulagem ficou pra trás, não sem pesar. Mas ia se cansar...
E o caminho, não mais que uma trilha, fez-nos atravessar um reguinho que foi o nosso feito de dia, pisando de pedra em pedra sob o comando de papai.
No Migué é que estavam as galinhas, gordas, imponentes. E distantes. Mas que foram café pequeno para os cães treinados que, se dizia, imobilizam até as vacas. Duas ou três, rendidas, foram parar na peia e na mão de papai.
Feito o acerto com dona Maria, aparentemente esposa e filha do ausente Migué, voltamos felizes e experientes pra rever a menina aparecida da noite pro dia. E o resto, foi canja.
E das galinhadas à medicina, foi então de Cida a sina.