Semibreve, mínima, semínima...

Frequentador do Ginásio, do início dos anos sessenta, como eu, você foi também aluno de Dona Zizi. Que logo nos deixaria, de mudança para a capital. Se não retivemos a sequência que se enuncia acima, paciência. Beethovens em Pitangui, ao que me consta, só dois: um Franco e um Rachid. E não duvido nada que sejam bambas na arte de Orfeu...Já Mozart, houve e há muitos mais, mas ligação com a música, aí nada posso lhes afiançar...

Agora, da mestra, quem "havera" de esquecer? Imponente, elegante, e bela, valia por si, e por Darcy, a moldura, a pintura e a tela. Se seu piano, mantido silente e proibido, na sala de música, como musa, nada ficava a dever.

Uma vez, num intervalo, o Pombo, que era um Vasconcelos da pele rosada não resistiu e deu suas dedilhadas nas teclas...solidário, fiz-lhe o sinal da vinda subreptícia do disciplinador Messias, e acabei levando, só eu - Dona Zizi nem apareceu - a anotação na caderneta...

Os cinquenta e tantos anos decorridos obnubilam a mente, mas quanta coisa, quanto fragmento não retém a gente...Imaginem que sempre guardei a impressão de ver a mestra, de luvas, a bordo de um conversível, de capota arriada, cor creme, trafegando pela então adormecida Pitangui, ou será que é tudo produto de cena feérica do Grande Gatsby, filme que anos e anos depois em Beagá assisti?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 13/10/2016
Reeditado em 22/10/2023
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