O Copo
A espuma entra antagônica ao que deseja sair
Leve e intensa
Faz com o que há de amargo em mim retorne, antes de chegar a boca
Meu espirito boêmio ressoa nos tímpanos
E nada mais agradável do que a própria companhia
A solidão para os tolos é sofrimento
Para outras almas é encontro
Encontro-me!
Deuses e demônios bailando a cada gole
Todos meus, todos eus.
Um pouco menos de espuma agora
Um pouco mais sabor de vida
Gosto fresco e forte de liberdade
Dois terços do que há no copo,
foi-se entre palavras e sons
Embalados pela melodia calma
Ecoando em notas mansas no ambiente
Estou comigo
E comigo não estou só
Os solitários estão entre todos
Fingindo que são felizes
Suportando a própria existência
O copo suado quase no fim escorre lágrimas escutando atento
As vozes que nada falam
E no entanto não param
Depreciam o silêncio dos nobres
Que insistem em comemorar
A beleza que é estar sozinho, sem estar.
Charlene Angelim.