O Copo

A espuma entra antagônica ao que deseja sair

Leve e intensa

Faz com o que há de amargo em mim retorne, antes de chegar a boca

Meu espirito boêmio ressoa nos tímpanos

E nada mais agradável do que a própria companhia

A solidão para os tolos é sofrimento

Para outras almas é encontro

Encontro-me!

Deuses e demônios bailando a cada gole

Todos meus, todos eus.

Um pouco menos de espuma agora

Um pouco mais sabor de vida

Gosto fresco e forte de liberdade

Dois terços do que há no copo,

foi-se entre palavras e sons

Embalados pela melodia calma

Ecoando em notas mansas no ambiente

Estou comigo

E comigo não estou só

Os solitários estão entre todos

Fingindo que são felizes

Suportando a própria existência

O copo suado quase no fim escorre lágrimas escutando atento

As vozes que nada falam

E no entanto não param

Depreciam o silêncio dos nobres

Que insistem em comemorar

A beleza que é estar sozinho, sem estar.

Charlene Angelim.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 31/08/2016
Código do texto: T5745424
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