Henrique e Dida
Eu sonhava tê-los no meu time. Tardes de sábado e do domingo o nome deles não saía da boca dos locutores. Era gol que não acabava mais. Um centefor (do inglês centre-forward) o outro, já aportuguesado na função, meia esquerda.
Eram Henrique e Dida. E era no Flamengo que jogavam. E brilhavam quase sempre. Do alto de meus 7 anos, e torcedor f(l)anático do Fluminense desde que ouvira um jogo quase inteiro e o Flu fluminara o Vasco, favorito de pais, por 5 X 3, empolguei-me com o Pó-de-Arroz, ao invés de me solidarizar com o Velho. Mas ele levou na esportiva. E naquele meio tempo seu Vasco de São Januário faturaria os campeonatos cariocas de 56 e 58, o chamado Super-Campeonato, E o direito a sentar no colo da Miss Campeonato, da Rádio Nacional.
Mas primeiro como no segundo tempos, os tempos eram da dupla Henrique e Dida. Meu ídolo no Flu, além do "defendeu Castilho", não podia ser outro senão o Valdo. Artilheiro implacável. Mas seu destino logo seria deixar órfão meu Flu, e mandar-se para a Espanha.
E o reluzente e flamboiante Flamengo, a quem eu odiava com todas minhas forças e com a falta delas também, é que era a sensação dos radialistas e dos radiouvintes. Eram sempre mais estridentes as referências à dupla rubronegra, apesar do jejum de títulos que perseguiu o Mengo, de 56 a 61.
E num dado momento, de que paradoxalmente não gostei, a dupla deixou o Fla. Dida, então da Seleção e maior artilheiro do Clube da Gávea fora parar na Portuguesa de Desportos de São Paulo - e não na vaga do Valdo. Problema disciplinar, já ouvi comentário. Mas não fui atrás da notícia, nem ela veio ao meu encontro.
E ali acabava minha ojeriza do Flamengo. Afinal, o Flu era o mais titulado dos clubes do Rio. E essa praga de Zico não passava de um pivete. Pivetezico!