Estado de alerta
Ridículo é olhar o por do sol e sentir apenas dor e cansaço no meu corpo imóvel. Quando penso nesses dias, no amanhã, no ontem e no hoje sinto um medo nefasto a me percorrer. Necessito superar as manhãs sem vida, que se transformam aos meus olhos, e todas as confusões, as distrações, que crio para fugir da constante agonia, avisando dos mistérios inexplicáveis da vida e da inconstante inquietação de meu espírito ao observar todas as abstrações incessantes de uma mente perturbada...
Não sei quem eu sou, pelo menos não reconheço o eu rabugento dos dias, o eu que não escuta as palavras que saem de sua boca, que não sente o gosto doce do biscoito amanteigado e apenas o come por pura embriaguez. Sou insensato, não tenho vida, tenho apenas o meu corpo e uma alma vagante em regiões desencontradas, o único momento que me sinto é apenas ao escovar os dentes, o momento que me encaro e revejo...
Estou em estado de alerta, preciso de mudança!
Ser o sol que pede passagem, nadando com os meus braços pelos véus das moças, deslocando o meu corpo pelas estradas em crepúsculos, pedalando para os grandes mistérios que se escondem em meu corpo. Talvez mais tarde possa enxergar nesse novo amanhã, que quero em minhas mãos, a inexistência de meu eu e a paz de uma mente sã. E em um charme de sobrevida, dançarei por todos os caminhos, faces e destinos que encontrar.
Penso ser difícil caminhar por essa natureza singela e dela me alimentar. Preciso de um novo mundo desenhado em novas telas, esculpidos em novas esculturas... em inglês, espanhol, francês, italiano, japonês e russo entoarei o ritmo da capoeira e nela me perderei em busca da sabedoria, da arte, do cheiro, do som e do gosto do criar humano. E nesses dias de evolução escreverei meus sonhos nos pergaminhos esquecidos. Quem sabe um dia essa jornada desça de apenas um sonho para uma história contada em gerações e versos no futuro a porvir.
A memória que cria histórias que se conectam na mente daquele que crê
Eu sou esse mistério.