ANTHONY ASHLEY COOPER SHAFTESBURY (1671-1713)
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Anthony Ashley Cooper Shaftesbury nasceu no ano de 1671, filho do segundo Conde de Shaftesbury, e de mãe Lady Dorothy Manners, neto de um grande orador, que era amigo de John Locke, sendo que assim se torna depois aluno de Locke também. Seu pai não era muito inteligente, assim acabou iniciando seus estudos com avô, e bem como com o filósofo empirista. Estuda também em Winchester College, mas abandona, viajando a fim de conhecer artistas do classicismo. Assim torna-se um moralista e trata de religião e política, apesar de não apoiar uma religião, a não ser a natural. Era contrário a religião positiva, haja vista os conflitos religiosos que ocorriam e a intolerância. Para ele a verdadeira religião se reduz a moralidade. Tristemente também se opõe a místicos, entendendo estes por fanáticos. Vê o sentido moral como instintivo ou inato. Em 1695 foi eleito parlamentar, na Câmara dos Comuns, defendendo uma lei que tratava sobre a traição. Mas sai da política por problemas de saúde, mais especificamente por asma. Volta após para a Inglaterra e sucede o pai, tendo um cargo político, mas logo se afasta pela ascensão da rainha Ana ao trono. Vai então para a Holanda. Também começa a escrever. Casa-se com Jane Ewer, mas dizem que não era interessado no casamento, apenas o fazendo por questão de sucessão. Um ano depois nasce seu filho, o qual um dia escreveria a biografia do pai. Via a religião compatível com diversos pontos de vista, como panteísta, demonista, ateísta, deísta etc. Deste modo, esses pontos de vistas podem se conciliar. Parece que ele antevia a sociedade contemporânea em que vivemos. Também parece que aprendeu a visão de fraternidade de seu avô e do professor Locke. Seu estilo de escrita é envolto de um virtualismo e de certo tom burlesco, sendo que depois influencia Voltaire nesse tom engraçado. De interesse é sua ética, que de algum modo se opõe a Thomas Hobbes, colocando distinção entre certo e errado como inata, e que as pessoas têm tendências inatas de cooperação e simpatia pelos outros. Também vai contra o racionalismo de abstração, tendo certo ponto de vista panteísta e vitalista. Influenciou muitos pensadores, como Kant, Hume, Voltaire, Adam Smith, Lessing, Diderot, Leibniz e outros. Via a moralidade como diferente da teologia. Se focava na harmonia e bem geral. Disse que isso não depende de Deus. Também no campo da estética, é um dos primeiros a falar no Sublime. Ligava a questão ética a estética, vendo o bem ligado ao belo. Nesse ponto parece aparentar influência platônica e de filosofia grega. Também nesse tema já critiquei em meu livro Axiologia, onde separei essa ligação de bem e de belo, que são infundadas. Mas ele foi uma grande influência ao iluminismo. Falando nisso, e em “iluminados”, há uma ligação esotérica dele e de uma corrente ocultista. Segundo Hagger, ele tentou uma revolução anticatólica. Disse que era o mais inescrupuloso: “Shaftesbury era ligado a Boyle – e portanto a Bacon, ao Rosacrucianismo e ao Priorado de Sião – através de John Locke da Royal Society, e a Bacon através do seu trabalho (de Shaftesbury) com o Novo Mundo”; “Ashley/Shaftesbury incumbiu Locke de negociar o casamento de seu filho e tornou-o secretário de um grupo que se propunha a fomentar o comércio com a América”1. E “Shaftesbury, cuja visão rosacruciana derivava de Bacon, dos holandeses e do Palatinado, queria que a sucessão fosse protestante. Ele era a favor dos protestantes e dos holandeses (ou seja, dos inimigos da Inglaterra). Por outro lado, era contra os franceses e contra os católicos: ou seja, contra a rainha”2. Mas, por outro lado, o movimento é anterior aos citados, e se relaciona a uma Pansofia, maior e independente. Contudo, em 1711 ele sofre novamente com sua saúde frágil e se muda para Nápoles, na Itália, continuando a escrever. Falece por lá, em 1713, mas foi sepultado na Inglaterra em sua propriedade familiar.

1HAGGER, Nicholas. A História Secreta do Ocidente, p. 126-127.
2idem