VENCENDO A DOR MÃE

Olá, lembrança, minha velha companheira

Vim desabar sobre você mais uma vez

Porque uma imagem veio gotejar lágrimas,

Lembro, setembro, enquanto mãe corria

e a primavera que via semeada em meu coração

guardou infinitamente aqui em meu silenciar diário.

Ainda vejo sem descanso a caminhar só

em ruas, estradas e passeios das calçadas

noite e dia, fora as madrugadas

acordadada, minha maizinha ali

para proteger seu filho e filhas,

da fome, sede

frio . calor...

Quando meus ouvidos foram invadidos

pela notícia de uma luz que transcendeu

que clareou o dia de 9 de março de 2015

e tocou o coração da minha alma

eu não chorei

já havia chorado tanto...

E na iluminação eu vi

duas pessoas a conduzir

falando sem dizer

ouvindo sem escutar

escrevendo o fim da história

na Terra

vozes não compartilhadas

eu sem coragem de perguntar

indagar para onde iam levar

aquela que sempre esteve aqui.

Descrente, eu me vi, pois não sabia

que chegado o momento, a dor é silenciosa

que ninguém ensina sofrer, mas o sofrimento é inerente .

Já não podia mais pegar

o meu braço já não podia alcança a mãe " rainha".

Então as minhas palavras calaram-se ,

gotas de lágrimas secaram

e o eco avante espalhado na voz do silêncio

GRITAVA

No velório e na despedida

pessoas se curvavam e rezavam

e sem a placa

mostrou o sorriso gélido

partido

e as palavras que formavam

não ficaram escritas

E as vozes diziam:

está aí a profecia

foi chegado o tempo

e nesse corredor

o silêncio sussurra apenas silêncio...

Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 10/07/2016
Reeditado em 05/02/2018
Código do texto: T5693029
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.