João Payão Luz
Meu Pai meu Ídolo!
Quem de nós não teve, ou ainda não tem um ídolo?
Veneramos pessoas interessantes, quer sejam elas artistas, santos, esportistas, políticos, filósofos ou até mesmo um “insignificante” parente. Sim, insignificante, aos olhos dos outros, que não são nossos parentes.
Podemos ter muitos ídolos, mas entre eles, elegemos aquele Ídolo dos ídolos.
No meu caso, o ídolo foi meu Pai. Porque era grande e forte na minha infância. Aquele que ia até a minha cama desejar bom sono, quando chegava tarde do trabalho. Eu era o quarto filho que íamos aos Domingos na Missa e depois ao café da manha na casa do seu pai. Íamos passear no Parque Siqueira Campos, de fronte ao Trianon na Avenida Paulista, com sua máquina fotográfica.
Aos sábados fazíamos uma tournée pelo centro da cidade, contando histórias relativas aos monumentos. Às vezes íamos fazer compras, ou ao Banco, porque no bairro só havia mercearias, quitandas e açougues. Nossa condução eram os bondes, carros elétricos sobre trilhos com varão sob o fio elétrico, que pertencia à empresa de energia elétrica a Light.
Depois, meu pai comprou uma perua Dodge de 1951, acomodando no início seus sete filhos até alcançarmos a família dos nove, sete homens e duas mulheres. Daí em diante nossos passeios eram mais longos, fazíamos pic-nic, às vezes no Parque Manequinho Lopes do Ibirapuera, Parque Dr. Fernando Costa na Água Branca, Observatório da USP, Palácio do Governo na Cantareira.
Meu pai: João Payão Luz, um brasileiro, nascido na Pauliceia nos idos de 1914, filho de Abílio José da Luz e de Maria Minervina Payão Luz. Seus pais foram profissionais, ele da Estrada Ferroviária Paulista, ela professora. Seu nascimento se deu aos vinte e dois dias do mês de agosto em sua casa, sito à Rua Fausto Ferraz. Sua mãe é nascida em Bragança Paulista, enquanto seu pai é do Centro da Capital, precisamente da Rua Tabatinguera.
Seus estudos primário e secundário foram cursados na Escola do Carmo, completados com o Curso de Contabilidade pela Escola de Comércio Álvares Penteado e o superior de Administração e Finanças pela Faculdade de Ciências Econômicas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado.
Profissionalizou-se em 1936 pela Contadoria Central do Estado, ingressando em 1942 na Revisora Nacional como perito em Contabilidade, sob os auspícios do Dr. Américo Oswaldo Campilha e Dr. Francisco Alves Jr.
No período de 1939 a 1943, exerceu também o magistério, lecionando Economia Política e Sociologia no Instituto e Escola de Serviço Social e na Faculdade de Filosofia “Sede Sapientiae”.
Contratado pela Laminação Nacional de Metais (Pignatari) como contador, de 1943 a 1948, exerceu a assistência da Diretoria de Auditoria.
No decorrer de 1950, foi auditor do Departamento de Filiais da firma LABORTERÁPICA S.A. (Santo Amaro) e, em 1951, organizou a Contabilidade Geral da nova firma BRISTOL-LABOR S.A. (do mesmo grupo financeiro), tendo em seguida, até 1956, exercido a função de “Controller” da referida organização.
De maio de 1956 a março de 1958, foi Gerente Administrativo da Duratex S.A. Indústria e Comércio, onde ingressou com a incumbência de organizar o novo Sistema de Contabilidade de Custos e planejar a reestruturação administrativa.
De abril de 1958 a fevereiro de 1964 foi sucessivamente Contador Geral e Auditor Interno da VEMAG S.A. Veículos e Máquinas Agrícolas.
De março de 1964 a julho de 1969 foi sucessivamente Assessor Administrativo, Auditor Interno e Analista de Sistemas e Métodos da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA.
De agosto de 1969 a novembro de 1970 foi Auditor Interno da “São Paulo” Cia. Nacional de Seguros.
Em 1º de dezembro de 1970 foi admitido no BADESP – Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo como ECONOMISTA-COORDENADOR, colaborando com a Primeira Diretoria (sob a Presidência do Dr. Hellio Dias de Moura) na implantação das atividades do Banco e com a Segunda Diretoria (sob a Presidência do Prof. Dr. Américo Oswaldo Campiglia), como Chefe da Auditoria Interna, cargo que exerceu até agosto de 1974.
Encerrou sua carreira profissional em 1985, quando se aposentou prestando serviços na Companhia Paulista de Força e Luz.
Sua atuação profissional esteve sempre ligada à sua vocação cristã, no apostolado da catequese, batizando seus afilhados que foram seus auxiliares, diretos ou indiretos, na sua carreira profissional em todas as empresas mencionadas.
Teve papel de grande destaque como militante do Círculo Operário de São Paulo, intervindo nas grandes greves operárias, entre elas as de Perus, na Pedreira Abdala.
Foi um assíduo palestrante da Rádio Nove de Julho, com um programa todas as tardes, sempre com um enfoque social-cristão.
Desenvolveu o Movimento das Equipes de Casais de Nossa Senhora, cuja finalidade é a espiritualidade conjugal, e contribuiu para o desenvolvimento da Opus Dei, hospedando seu apóstolo, Padre Alfonso Del Rey, que, posteriormente, traria o departamento feminino, no qual suas filhas são numerárias.
Foi um homem muito espirituoso, em ambos os sentidos, seja nos trocadilhos como método mnemônico na pedagogia de ensinar fazendo ou na censura do mal fazer.
Conseguiu educar seus nove filhos na doutrina da Religião Católica Apostólica Romana, como membro da Ordem Terceira Franciscana, Congregação Mariana, da Irmandade do Santíssimo e da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte.
Foi assíduo da comunhão diária por meio da participação das missas, das orações dos Ângelos e do terço familiar após o jantar. Nessas oportunidades, brindava aos ouvintes com um sarau de violino, que a todos encantava, até aos amigos de seus filhos, que apareciam para sugerir um footing pela Paulista.
Viveu até 22 de setembro de 2001, quando faleceu de saudade de sua esposa, com quem foi casado em 1938, por 63 anos.
Seu testamento é evangelizar por meio da profissão, do trabalho e da vocação matrimonial.
Chico Luz*
*Jose Francisco Ferraz Luz, brasileiro, casado, três filhos e dois netos, advogado, natural de São Paulo, nascido na Bela Vista, onde residiu até os vinte e quatro anos, quando se casou com Myriam. Prestou exame Supletivo, ingressou na Faculdade de Direito de Guarulhos, turma de 1975 inscrito na OAB/SP sob n.º 44.660. Aposentado, descobriu sua veia poética em 2010, escreveu seu primeiro Livro com temas filosóficos "Chico e seu estado de espírito" pela Editora Baraúna, 2011 (ISBN 978-85-7923-258-9, seu segundo livro de poesia intitulado "Chico e seu estado de graça" pela Editora All Print, 2014 (ISBN 978-85-411-0575-0), participa de diversas antologias, entre elas Casa do Poeta de São Paulo, Associação Portuguesa de Poetas, Movimento Poético Nacional e dos seus respectivos periódicos. Membro da Ordem Nacional dos Escritores e Associação Portuguesa de Escritores.