MICHEL DE MONTAIGNE (1533-1592)

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Michel de Montaigne nasceu em 13 de Setembro de 1533, em Dordonha, França, no castelo de Montaigne, de seu pai, Pierre Eyquem, comerciante burgues protestante, e de mãe, Antoniette de Lopes, que descendia de judeus-portugueses. O pai era rico comerciante de vinhos, tendo reservado ao filho a melhor educação. Após o nascimento, foi entregue a uma enfermeira de aldeia vizinha, para retornar apenas com 3 anos, e depois foi deixado para ser educado com tutor alemão, que o educava no latim, apenas falando esse idioma, de modo que com 13 ele dominava latim. Por isso de ter lido autores latinos com tanto empenho. Estuda em seguida o Direito na Universidade de Tolouse e se torna magistrado em Périgueux. Assim teve ainda grande amizade com La Boetie. Viajou para Alemanha, Suíça, Itália e Tiro. Com 34 anos volta a seu castelo e se dedica a escrever sua obra famosa, Ensaios, em três volumes. Coincidência que escrevo isso agora com os mesmos 34 anos. Montaigne é difícil de definir, mas sua obra fala tanto de filosofia, costumes, como dele mesmo. Ele não era muito religioso, sendo mais um cético. Também defende mais uma visão ética ampla, e realista, que um moralismo e idealismo impraticável. Vendo costumes de uma riqueza de diversidade, comenta no sentido de que nossos hábitos não são tão perfeitos. Admira até o comportamento de animais, que muitas vezes são mais felizes que os humanos. Chega também a ser prefeito da cidade. Ao dormir, gostava de ser acordado por sino no meio da noite, a fim de voltar a dormir em seguida. Também não teve papas na língua ao tratar de temas de tabu, como sexo ou flatulência. Fala mesmo sobre moda, e hábitos de toda a ordem. Talvez mostrou que o homem europeu, o perfeito cristão, não era tão perfeito assim. Mostra pessoas que têm horror do próprio sexo, de pessoas que se escondem ao fazer refeições, bem como outras esquisitices. Cita sobre o sexo em Ensaios: “Por um lado a natureza nos impele à união sexual, ligando ao desejo a nossa mais nobre, útil e agradável função; por outro, induz-nos a desrespeitá-la, a tachá-la de desonesta, a nos envergonhar dela e a propugnar a abstinência. Seremos tão estúpidos assim para qualificar de brutal o ato ao qual devemos a vida? Os povos e religiões coincidem em certas coisas: oferendas, sacrifícios, luminárias, incensos, jejuns e condenação do ato sexual”. Em meio a guerras religiosas, seu discurso era pra que se defendesse a paz e a tolerância. Parecia um homem além de seu tempo. Das bizarrices também escreveu: “Certos povos cobrem a parte inferior do rosto para comer. Conheço uma senhora, e das mais distintas, que compartilha essas ideias: considera que a mastigação diminui consideravelmente a graça e a beleza da mulher e quando janta em público come o menos possível. Conheço igualmente um homem que não suporta o espetáculo de alguém comendo, nem sofre que o vejam comer, e evita mais a presença de outrem quando se enche do que quando se esvazia”. Outro não queria ser enterrado sem que lhe escondessem o pênis, que nem morto fosse revelada sua nudez e assim por diante. Não elogia também a formação acadêmica. Botton lembra que ele disse que os estudantes da Universidade de Paris não passavam de idiotas, uma vez que não aprendiam a sabedoria. Assim podemos pensar em relação as Universidades de hoje, ainda. Era um tanto antropólogo, ao estudar civilizações antigas e primitivas. Chega a ter amizade com um índio sul-americano que foi levado a Europa, e assim leva a escrever o capítulo de canibais de seus ensaios. E sobre o sono, fala que generais romanos acabavam dormindo antes da batalha, e dormiam bastante. Uns chegavam a acordar quando a batalha já estava finda. Sobre seitas, que povos inteiros amaldiçoam a vida e bendiziam a morte, alguns há que abominavam o sol e adoravam as trevas. Será que as coisas mudaram hoje, para aqueles que são extremistas religiosos? E o casamento não seria uma gaiola, como ele falou? Fato é que Montaigne era casado, matrimônio contraído com 32 anos, com Françoise de la Chassaigne, com a qual teve 6 filhos, dos quais apenas um sobreviveu. Disse que as mulheres italianas são mais belas que as francesas, mas as regras de casamento mais severas. Que o beijo de muitas feias não se compensa com uma bela. Lembra “como dizia Aristipo a um dos jovens que se envergonhava de tê-lo visto entrar numa casa de prostituição: 'o mal não está em entrar, e sim em não sair'”. De interesse que sua admiração pela sabedoria era tanta que mandou escrever nas vigas do teto do castelo aforismas e frases de sábios, a fim de sempre lembrar dos ensinamentos filosóficos antigos. De família longeva, escreveu: “Meu pai viveu setenta e quatro anos; meu avô sessenta e nove; meu bisavô quase oitenta, todos sem que nunca tomassem qualquer medicamento, e tudo que não fosse de uso comum consideravam droga. A medicina tem origem em observações e experiências; do mesmo modo formei minha maneira de ver. Essa longevidade não revela também uma experiência e das mais belas?”. Mas, por fim faleceu no dia 13 de setembro de 1592, no Castelo de Montaigne, França.