O Geraldo Preto
Petiz, ainda no Brumado vim a conhecer, no finzinho dos anos 50, o Geraldo Preto, que formava com o Aristides, a dupla da cooperativa fabril que vinha mensalmente ao povoado para vender os gêneros básicos, e mais baratos, à massa operária que ali trabalhava.
Filas enormes, mas felizes, se faziam à porta da casa vizinha ao "Convento" para se fazer o surtimento. Capangas de pano à mão, dos adultos à gurizada era pura excitação.
O Geraldo que vim a rever mais regularmente na sede do município de Pitangui, com aquelas suas mãos de goleiro era figura pacata, integrada à sociedade local, por meio de seus feitos e fatos. Homem ligado ao esporte, viu seus filhos crescerem respeitados e admirados jogando muita bola naqueles campos ainda tão escalavrados e empoeirados. Sabará, Hamilton e Derlúcio são os mais próximos de minha época. E em meio á rivalidade aguerrida entre o CAP e o PEC, da cidade eram todos alvi-rubros, roxos.
Nas rodas de amigos e curiosos que se formavam, da beira dos campos à sombra da igreja matriz, Geraldo proferia conhecimentos, opiniões e sentenças sobre tudo que se relacionasse ao esporte bretão. E era ouvido mesmo à distãncia. Eram tempos em que era aprazível passear à noite pela cidade, diante da ameaça ainda incipiente da droga da TV.
O que sei mais de Geraldo Preto, talvez seja relevante: viera do Pará de Minas, a Patafufoland vizinha, antes mixuruca, hoje com foros e fumos de metrópole regional. E no fúti, sempre rival. Até viral.
E mais ainda desse paraminense mais que pitanguiense até seus últimos dias: uma vez foi ouvido, orgulhoso, feliz e assertivo, na cooperativa a proclamar:
- Eu sei que isso não é nome de preto, mas Hélder Lúcio é o nome de meu filho recém-nascido.