Mãe, te amo!
...sentimento estranho esse! À Medida que via minha mãe suar ao dar-lhe a informação recebida de que tinha consulta com o médico cardiologista marcada para sexta-feira próxima, referente ao resultado do exame do coração, eu me sentia bem e mal.
Minha mãe tinha medo da notícia que viria a receber! Eu, me sentia aliviado como quem se livra de um grande fardo ao fazer o “dever de casa”. Por outro lado, culpado pelo que acabara de sentir. A pobre não parava de suar. Eu a consolava dizendo que a acompanharia e que entraria no consultório com ela, ouviria do médico o diagnóstico.... no fundo minha alma clamava pela culpa... pois, o sentimento de alívio causado ao transferir para o médico a responsabilidade de parte da saúde de minha mãe causava-se grande dor!
Quem em são coincidência deseja a morte da própria mãe?
A pobrezinha há anos não é mais a mesma, aquela bela mulher de que me lembro. Pessoa de muitos contatos e risadas fáceis. Hoje, vive isolada num quarto, mal vê a luz do sol, afora as saídas do quarto para as tragadas dos cigarros diários consumidos.
Desejar sua morte inconscientemente causa tamanha culpa e aflição principalmente uma culpa futura após sua ida, pelo que ficará o sentimento de que pouco fiz. Aliás, isso já sinto diariamente e nada faço para mudar. Parece, contraditoriamente que desejo acelerar sua ida para me livre da obrigação assumida.
Pobre infeliz o sentimento que sobre mim mesmo fiz!