Tabajara Pedroso no Ginásio Paraisense
 
Luiz Carlos Pais
 
A imagem usada para ilustrar esta crônica histórica de São Sebastião do Paraíso, MG, mostra um baile realizado por famílias paraisenses do ano de 1929, organizado pelo professor Tabajara Pedroso. Pouco importa a qualidade gráfica porque o registro foi feito, quando nem mesmo havia iniciada a difusão da televisão e muito menos dos atuais modernos recursos digitais. A mesma foi extraída por meio de recursos computacionais de uma revista de circulação nacional da época e contribui na tarefa de recompor traços históricos da saudosa terra natal. Quantos  conseguem visualizar raízes distantes nesse momento vivenciado por nossos conterrâneos, pais avós ou bisavós?

Natural de Campinas, São Paulo, Tabajara Casas Nogueira Pedroso nasceu no dia 7 de maio de 1897. Iniciou sua trajetória educacional, ainda como estudante no famoso Colégio Culto à Ciência, quando descobriu sua vocação docente. Mesmo tendo se graduado em Engenharia Geográfica, preferiu dedicar-se ao ofício de educador. Começou a ensinar em colégios da referida cidade paulista, antes de exercer o magistério primário, por pouco tempo, no norte do Paraná. Posteriormente, fixou residência em São Sebastião do Paraíso, MG, onde dirigiu o Ginásio Paraisense, por uma década.


O mestre que colocou o Ginásio Paraisense no cenário nacional casou-se com a senhora Maria Rezende Pimenta, neta do coronel Antônio Pimenta de Pádua, em 15 de novembro de 1920. A cerimônia foi realizada, quando ainda estava exercendo o magistério em Cambará, norte do Paraná, onde a família da noiva estava residindo. O pai de sua esposa, José Pimenta de Pádua, estava abrindo fazenda na nova fronteira agrícola do país. O jovem professor Tabajara foi contratado para dirigir uma Escola Primária daquela cidade paranaense.

Após seu casamento, no início de 1922, aceitou convite, intermediado pelo Coronel Pimenta de Pádua, para dirigir o Ginásio Paraisense. Aceitou o desafio e o jovem casal fixou residência em São Sebastião do Paraíso, onde nasceram os primeiros filhos. Deixou a direção do Ginásio Paraisense, em 1931. Nesse período (1922 – 1931) o estabelecimento passou por um momento diferenciado de grande desenvolvimento em termos da qualidade do ensino.
Sua direção do curso ginasial pioneiro da cidade, importante polo da cafeicultura do sudoeste mineiro, foi uma das mais eficientes. Tomou medidas para elevar o nível da instrução secundária ministrada, atento às exigências da época para os alunos serem aprovados nos exames exigidos de ingresso no ensino superior.

O educador tinha como parâmetro os principais cursos secundários do país. Contratou professores com experiência em importantes colégios de São Paulo e do Rio de Janeiro, modernizou o conjunto das matérias ensinadas, atualizou os livros didáticos adotados, montou laboratórios de ensino de ciências, organizou a visita da primeira banca examinadora federal que avaliou e confirmou a qualidade das aulas e ainda proporcionou a iniciação de vários professores de famílias paraisenses, estabilizando as condições gerais do corpo docente. Durante sua direção, conseguiu ainda que os coroneis da política local aprovassem o projeto educacional de construção do segundo prédio do Ginásio Paraisense. Nesse prédio que ainda existe em bom estado de conservação, funciona a atual Escola Estadual Paraisense, criada em 1966, quase uma década após o fechamento do antigo Ginásio Paraísense
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Após deixar São Sebastião do Paraíso e passar pouco tempo num colégio de Batatais, SP, o ilustre educador exerceu as funções de inspetor estadual de Escolas Normais do sudoeste de Minas. Apropriou-se das grandes questões de sua época exigidas para a melhoria da formação de professores primários e correspondeu com brilhantismo ao convite feito pelo governo mineiro. Tabajara fixou residência em Belo Horizonte, onde deixou seu nome na história de diferentes instituições de ensino, como a Escola Normal de Belo Horizonte e a Universidade Federal de Minas Gerais, entre outros estabelecimentos.

Agraciado com a longevidade de 90 anos de vida, faleceu em 24 de julho de 1987, em Belo Horizonte. Graças ao zelo do seu neto, engenheiro Dr. Rodrigo Pedroso de Carvalho, sua autobiografia foi publicada em 2002, com circulação restrita. Permanece em aberto o desafio de investir esforços para escrever uma biografia didática à altura do seu mérito educacional, para melhor conhecer o mestre, sua relevante obra e seu tempo.