Enlevos poéticos de José Paes
 
Durante sua longa trajetória de vida poética, José Paes escreveu centenas de sonetos, que ainda estão dispersos no acervo que está, após o seu falecimento ocorrido em 2011, sob minha atenção familiar. Com a concordância de meus irmãos e de minhas irmãs, estou empenhado na divulgação dessa produção do nosso saudoso pai. Assim, na medida do possível estou digitalizando e divulgando suas poesias nesse espaço, com o propósito de socializar sua produção para os amantes do gênero. A seguir, é transcrito um soneto de sua autoria.
 
Enlevos
 
Desde a saudosa infância a qual bendigo ainda
Consagro à doce musa ardente amor imenso,
E no mundo irreal, de fantasia infinda,
Vivo a sonhar feliz, sem que me falte o senso.
 
Divindade que julgo aparecer-me linda,
Ela me leva sempre a seu jardim suspenso,
E só tarde, bem tarde, ao ver que o idílio finda,
Volto à vida real a que também pertenço.
 
Este é o sublime amor, de inspiração poética,
Perenemente acesso, a queimar dentro em mim,
E com ele eu alcanço enlevo após enlevo.
 
E os enlevos que eu ganho à doce luz da estética,
De maneira sutil transformam-se por fim
Nos versos que imagino e mereço, e canto e escrevo!