O DIA EM QUE LEVEI UM TIRO

Quando eu morrer não haverá velório.

Eu sou um poeta e escritor anônimo.

Meus amigos são todos fictícios.

Os que eram amigos verdadeiros

mudaram e foram alguns para o outro lado do mundo.

No dia em que eu enfim fechar meus olhos,

haverá apenas uma pessoa por mim chorando.

Ela é a mãe dos meus filhos.

Também não irei receber coroas de flores.

Não hei de fazer falta para meus irmãos.

Eles amam apenas a si próprios.

Não estou me lamentando nos meus versos.

A sina de algumas pessoas tem estrelas maravilhosas.

Para elas existe riquezas que vem de primeira mão.

Antes de eu entrar no mundo nasci quase morrendo.

Fiquei por algum tempo em um balão de oxigênio.

Depois de alguns anos já em faze de adulto jovem

na lanchonete da rodoviária comi um sanduíche

e o queijo colocado nele estava contaminado.

Contrai em vista disso uma gastroenterite.

Evacuei e até vomitei muito sangue.

Suei por todos os poros e depois fui ao médico.

Além do antibiótico foi necessário beber muita água salgada.

No final do século vinte fui ao Rio de Janeiro.

Na praia do Leblon entrei no mar durante uma enorme onda.

Ela quase me partiu o peito devido ao impacto.

Virou-me de ponta cabeça e fui jogado de volta à praia.

Muita água salgada engoli de uma só vez.

A água entrou queimando minha garganta.

Depois a onda foi me sugando para novamente ao mar.

Se eu de fato não soubesse nadar

Teria tido uma morte afogado no mar.

De repente, uma mulher se agarra ao meu pescoço.

Ela tentava do mar escapar e quase me fez afogar.

Depois a mulher me contou que desejava aprender a nadar.

Falei que ali não era lugar para a ensinar...

Até hoje não sei como foi que ela se salvou.

Penso que foi a mão divina que do mar a tirou.

Quanto a mim quase que o mar me matou.

Anos depois desses fatos todos ocorridos,

um jovem assaltante desfechou em mim um tiro.

Do cano da arma vi sair uma chama azul e alaranjada.

A bala entrou queimando e depois varou minha bexiga.

Saiu urina pelo furo em meu órgão sexual.

A rua se encheu de gente.

Depois da missa vieram me acudir.

Não sei como o padre ficou sabendo.

Mas foi ele quem avisou que levei um tiro.

Os fieis correram para me salvar.

Aconteceu na rua Dom Joaquim Silvério.

Fica localizada no bairro Coração Eucarístico.

Foi em frente de uma guarita de segurança.

Um jovem na janela do outro lado da rua me viu cair ao chão.

O assaltante não levou nada e fugiu.

O jovem desceu correndo pela portaria para me acudir.

No meio de tanta gente ao meu redor vi a chegada da policia.

Ela se encontrava dentro duma radio patrulha.

Fui pela multidão carregado para dentro dela.

A multidão desejou-me boa sorte.

Aconteceu em 16 de abril de 1.999 d C.

Era 19:30 horas da noite de verão de domingo.

Não cheguei em casa com leite e pão.

Fui levado direto para o hospital João XXIII.

Permaneci duas horas na sala de cirurgia.

A enfermeira enxugou o suor da minha testa.

O médico por fim me disse assim:

_ Apruma agora o teu corpo...

_ Você é hoje o primeiro que sobreviveu depois que quatro

homens nesta mesma maca morreram durante a cirurgia...

_ Eles também levaram um tiro na virilha...

Sai da sala de cirurgia as duas da manhã usando sonda.

Por vários dias através da sonda urinei.

Hoje aqui estou vivo para lhes contar.

Obrigado ó Deus por naquela noite me salvar!

( J C L I S )

ISTO É UM RESUMO DA MINHA AUTO BIOGRAFIA .

25/0/2016.20:30 HORAS, 21:35 HORAS.