A consagrada
Só a certidão é que lhe dá os oitenta e poucos anos. E essa tá bem guardada. A vela votiva sempre acesa ao pé de suas devoções garante-lhe a luz para a azafamosa jornada. Tudo parece passar ao seu crivo, nos cuidados com a limpeza e a arrumação da igreja, na preparação para os sacramentos do populacho brumadense, na organização das coroações, até a visita a enfermos, a distribuição de remédios para os menos assistidos... E essa é Isa, que tanto gera, e nunca exagera, na medida certa de sua vida de consagrada, à igreja visceralmente dedicada.
Fala, com algum desencanto na voz, que já a alguns anos quer passar o bastão para uma novata, de mais energia. Mas o Senhor, que não se apressa, nem apreça, está ainda por lhe ouvir a prece, sabendo que em boas mãos o cuidada de sua messe permanece. E, botaí, dela jamais esquece.
Isa nasceu, cresceu, trabalhou e sempre viveu no povoado operário do Brumado, que, já é história, teve na fábrica de tecidos e na ligação ferroviária os seus dias de glória. A aposentadoria fê-la dedicar-se de corpo e alma ao serviço da fé. Viu os pais e boa parte da irmandade partirem para os esplendores perpétuos, mas por hora é na terra, naquela casinha verde, asseadinha e arrumadinha, que sua vida se perpetua, para o bem e a glória do Pai, com quem convive, e que a convida para onde vai.